sexta-feira, 3 de julho de 2009

Memorial -Voo na Memória, Reconstrução Na História - Capa

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA ENSINO

FUNDAMENTAL /SÉRIES INICIAIS










VERA LÚCIA VASCONCELOS










VÔO NA MEMÓRIA, RECONSTRUÇÃO NA HISTÓRIA:

CAMINHO TRILHADO PARA MINHA FORMAÇÃO PROFISSIONAL E PESSOAL










Irecê

2007

Memorial -Voo na Memória, Reconstrução Na História -

VERA LUCIA VASCONCELOS PEREIRA










VÔO NA MEMÓRIA, RECONSTRUÇÃO NA HISTÓRIA:

CAMINHO TRILHADO PARA MINHA FORMAÇÃO PESSOAL E PROFISSIONAL










Memorial apresentado ao curso de Licenciatura em Pedagogia Ensino Fundamental Séries Iniciais - da Universidade Federal da Bahia FACED-IRECE como um dos pré requisitos para orientaçao do grau de pedagogia.

Orientadora: Profª. Drª. Inez carvalho












Irecê

2007

Memorial -Voo na Memória, Reconstrução Na História -Dedicatoria

Dedicatória
















Aos colegas, orientadores, coordenadores, e professores que contribuiram e compartilharam dessa luta e conquista

Pagin 4-Memorial -Voo na Memória, Reconstrução Na História - Agradecimentos

Agradecimentos






A memória de Natanael Soares de Vasconcelos

(meu pai)











A Idália Paiva de Vasconcelos

(minha mãe)






Aos meus filhos e neto:

Kelly, Grazianny, Anderson e Pedro Lucas Vasconcelos








A Maria Helena Bonilla, Roseli de Sá, Tico Serpa e Inêz Carvalho professores e doutores da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, cujo respeito ao saber da linguagem comum, não os fizeram filauciosos, e cujo grau de intelectalidade, não os tornaram despóticos

pG.05-Memorial -Voo na Memória, Reconstrução Na História -Epígrafe


















Deste modo ou daquele modo
Conforme calha ou não calha
Podendo às vezes dizer o que penso
E outras vezes, dizendo-mal
Com misturas, vou escrevendo...


Fernando Pessoa

Memorial -Voo na Memória, Reconstrução Na História -SUMÀRIO

Sumário


1 - Esperanças e incertezas........................................ 7
1.2- O trilhar em busca da memória estudantil.......7
1.3 -O voar com as palavras e ações....................... . 8
1.4 -A primeira escola, a primeira experiência.........9
1.5 -As tristes lembranças........................................ 11
1.6 –A viagem........................................................ .....12
1.7 –A voz calada........................................................ 12
1.8- A aprendizagem fora do contexto escolar........13
2 - Outras escolas, outros ensinamnetos................ 18
3 - O primeiro emprego........................................... .17

4 ¬-Trajetória de professora....................................19

5 - O i¬ngresso...................................................... . .23

6 - A aprovação........................................................ 25

7 - O convite............................................................. 26

8 - evolução.............................................................. 27

9 - O sonho vira realidade...................................... 28

10 - O olhar crítico...................................................33

11 - Realizaçoes........................................................35

12 - Momentos e marcas.........................................37

13 - Decepção e informação....................................42

14 - A superação......................................................45

15 -A escola..............................................................45

16 - Os tempos são outros..................................... 46

17 - Palvras finais................................................... 47

18 - Referências Bibliográficas..............................48

19 - Apêndice - Reflexão dos diários....................51

20 - Anexos..............................................................58

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Memorial -Voo na Memória, Reconstrução Na História - A história

1 - Esperança e Incerteza


Meados de 2003. O avião sobrevoa os céus de Irecê. É sinal de concretização. Meu sonho está prestes a se realizar! As emissoras de rádio locais anunciam a implantação do Curso de Formação de Professores pela FACED da Universidade Federal da Bahia. Tenho as minhas dúvidas, e chego a dizer em bom tom: isso é mais um engodo. É conversa furada, é mais um golpe para enganar os professores. Hoje não diria isso! Mas coitada, era desinformada, não entendia muito de lei. Coisas do meu país. Parece-me que as leis são elaboradas numa língua culta elitista para dificultar mesmo a compreensão.

Raciocinando direitinho, o que seria dos advogados que advogam causas, se o povo brasileiro interpretasse as leis aos olhos lidos?

Fazendo uma análise no presente, me dou conta de como estava alheia as leis que me cercam como profissional. Ainda não sei muito, mas, o necessário para ir buscar informações, e começar entender as mudanças apregoadas, a luta e fé de algumas pessoas para que esse curso chegasse até nós professores. Esse grupo de quem falo estava a par das mudanças educacionais, eu ainda não. A lei é a de número 9.424 de 1º de dezembro de 1996. É criado o Fundo de Manutenção do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF).

Começo timidamente a ler. Sou sincera, é um assunto que não me atrai. Não entendo seus artigos e incisos.



1.2 - O trilhar em busca da memória estudantil



O dia 20 de novembro de 2003! Nesse dia sem muita credibilidade me dirijo ao Colégio Odete Nunes Dourado. No grupo que faço parte, estão os professores Menandro e Lica. Dois enciclopédicos insuportáveis, daqueles de palavreado bem difícil de entendimento, pensava eu. As minhas pernas estavam rígidas, meus pés não alcançavam o chão. Se já não falava muito em público, esse dia a mudez é total! Estava preparada para consumir aprendizado dito e experimentado dos donos do saber - Os professores e doutores da UFBA/FACED! Qual não foi a minha surpresa, quando são sugeridas três palavras ditas pensando na vida de estudante. Citei as três palavras que me vieram a memória - medo, timidez e esperança. Falarei delas no decorrer da minha história.

Para surpresa maior, fomos convidados a ouvir a prosa que antecede a música “Respeita Januário” de Luiz Gonzaga:

...Quando vier de lá traga um copo d’água pra eu, que tô morrendo de sede! Ai, escutei o timbungado do caneco no fundo do pote - thibumg! Há! Há! Aí lá vem o veio corredor afora. Abriu a janela em cima de mim, chega saiu aquele ventim...Aquele cheiro! Aquele cheiro meu! Aquele cheiro antigo! Cabecinha branca...Um silecim...uma paradinha... Ele olhou pra mim. Eu olhei pra ele... (GONZAGA, 1981)


E eu, ali, me perguntando ainda, qual seria a hora da gramática aplicada. Voltei ao meu tempo de estudante. Tempo em que o ensino era bancário e às vezes aterrorizante. Digo aterrorizante, porque eu naõ aprendia pelo prazer, e sim, por medo do ridículo. Mas também, vieram a minha memória coisas boas relacionadas ao inÍcio dessa trajetótia estudantil.


1.3 - O voar com as palavras e ações


O pensamento já começa a voar para bem longe, junto com a fala dos educadores ufbenses. A prosa de Luís Gonzaga e o poema “O guardador de Rebanhos” de Fernando Pessoa, o qual escolhi para epígrafe do memorial. Esse poema não o conhecia na íntegra, antes da oficina ministrada pelos professores citados acima. Interessei - me em ler e saber sobre essa produção que marcou o início das minhas memórias em registro. Constato hoje ao ler alguns poemas, que os poetas falam como um “eu” no “todo” ou seja, falam dos seus anseios, decepções e aspirações da realidade social e crenças da época. Fernando Pesssoa vai mais além, cria pseudo autores, ele e o seu imaginário Àlvaro Campos. È a linguagem ortônima e heterônima. Só agora em 2006 estou lendo com outro olhar Fernando Pessoa, e principalmente o poema “ O Guardador de Rebanhos.

Esses versos tiveram uma sigificância tamanha para mim. E escrevi no texto memeorialístico como abertura da minha vida de estudante:



“Deste modo ou daquele modo,
Conforme calha ou não calha,

Podendo às vezes dizer o que penso,

E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,
Vou escrevendo...”


Fernando Pessoa



Quando observei na narrativa de Luis Gonzaga, o artifício, as expectativas do ouvinte, começo a desconstruir a idéia. A idéia de que eles eram enciclopédicos.

Segundo os professores Menandro e Lica é importante saber improvisar alguns fatos, colorir em alguns detalhes, ser ousado e verdadeiro, tanto quanto saber brincar com as palavras, usar epígrafes, aquela que antecipa as idéias.

Para que eu entendesse a proposta deles, foi exposto numa mesinha vários textos - revistas, livros, e sugerido que o grupo levasse também outros materiais. O propósito era de enriquecer a produção textual. O texto que posteriormente iria escrever sobre minha vida de estudante e de professora.

E comecei, com timidez, a escrever minhas memórias daquele momento. O tempo que meu pai fabricava o banquinho. Lembro como se fosse hoje. O sol estava quente de rachar. Já estava na hora de ir para escola. A escola era minha casa, e a professora minha mãe. Engraçado, como tinha facilidade de diferenciar a professora da mãe, aquela que me ensinava a decorar, cobrir letras.


1.4 - A primeira Escola - a primeira experiência



Entendo agora a escola dessa época. Vivia o seu tempo histórico. Tempo da pedagogia tradicional com tendência conservadora. A professora Roseli me ajudou a entender melhor, quando no estudo do Geac com o tema a “História da Educação”, sugeriu ler alguns livros, textos e revistas. Eu li Paulo Freire. E ele tambem foi vítima do sistema conservador. Foi exilado na ditadura de 1964. Paulo Freire já fazia o povo pensar em relação a maneira de ensinar. Conta Moacir Godotti “Quisera oprimir seu pensamento, pensamento de que conhecer é descobrir e construir e não copiar, como na pedagogia dos conteúdos.” (GADOTTI, 2004) E diz mais:


“Eis aí a a concepção “bancária” da educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem os depósitos, guardá - los e arquivá-los. [...] Na visão “bancária” da educação, o “saber” é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber. (GODOTTI, 2004 apud FREIRE, 1997, p. 66-66)



A professora/mãe acreditava nos conteúdos como verdade, sem se permitir fazer nenhum questionamento do certo ou errado. E baseado nessa concepção o ensino/apredizagem se dava através de métodos repetitivos .

O que realmente me fascinava eram as leituras em forma da literatura de Cordel romanceiros populares nordestinos, escritos em folhetos impressos e expostos nas feiras livres que meu pai comprava todas as segundas - feiras e lia numa euforia tamanha, que eu chegava a pedir que lesse várias vezes a mesma história.

Não era na escola que ouvia as histórias, era às vezes nas esteiras em noites enluaradas, às vezes na sala ao redor da mesa. Nessas horas não havia leituras repetitivas e nem exercicios de memorização forçados, O meu aprender se dava livre e solto. Eu voava na imaginação!

Em relação à mãe/professora, passei a ter medo. Só conseguia vê-la organizando os alunos em fileiras, ora pra tomar a leitura, ora pra tomar a tabuada.

12 de outubro de 2006! Sentada em uma poltrona de avião rumo ao Rio de Janeiro. O livro é “Quase Tudo” (LEÃO. Danuza, p. 93). Entre outras memórias, a dela é o terror do dia 31 de março de 1964! Exatamente no Rio de Janeiro. Lugar para onde estou indo agora. As minhas memórias entrelaçam-se com as dela, não quanto ao relato vivido, mas a falta do conhecimento.

Danuza me diz coisas da época da ditadura militar que não sabia. E nas suas vividas memórias ela conta que “No dia 31 houve o golpe “ eu assistia tudo na televisão e lia nos jornais que estavam incendiando os carros de reportagem da Ùltima Hora que apoiava jango. Eu adora o jornal [...] Não sabia exatamente o que estava acontecendo.” ( LEÃO, Danuza, 2005, p. 93)

O golpe do qual ela fala, é o golpe militar do 31 de março de 1964.

Eu também não sei muita coisa sobre esse fato histórico.

Outro fato marcante é o relato que ela faz em relação aos laços de afetividade junto aos pais.

“Quem pensa que uma infãncia feliz é aquela que segue os moldes tradicionais está enganado. Essas coisas de pai e mãe que conversam [ ...] contam histórias [...] tudo isso deve ser muito bom, mas desconheço”. (LEÂO, Danuza, 2005, p.9)

Tmbém não me lembro de um gesto carinhoso por parte de mãe, mas ao contrario dela, sinto uma saudade imensa do jeito manso do meu pai, da sua maneira de me pegar no colo e me fazer dormir.

Ah! Se eu pudesse voltar esse tempo! Contaria a ele minha aventura no Rio de Janeiro.

Durante às 2h, de vôo fiz duas viagens - no avião e no livro. Queria conhecer esse fato histórico. Foi a época da minha experiência, a escola.




1 -Figura 1.Primeira escola - povoado do umbuzeiro-Irece-Ba 1967


1.5- As tristes lembranças



Como o avião, meu pensamento voa longe, num passado distante e bem próximo ao mesmo tempo. Tempo que me fez voltar às lembranças. Algo que estava faltando às minhas memórias, como também conhecer os dados da época. Nessa mesma época vejo minha mãe ser amarrada numa camisa de força, para ser internada no Hospital Juliano Moreira em Salvador. Ela fica louca. Meu pai perde o sorriso. A atenção agora é para o tratamento dela. Não sei se a escola é mais um terror na minha lembrança.

Terror começo a viver sem o meu cantinho das histórias, do banquinho. Ele não tinha mais o mesmo siginificado, estava só. Até das palmatoradas sinto falta. Tinha minha mãe comigo.


1.6 - A viagem


Estava no Rio de Janeiro. 16 de outubro de 2006 Ouvir de Francisco José, ex dublador e ator amigo virtual, hoje real, que uma das maiores linhas ferroviarias do Brasil, foi paralisada com o início da greve geral dos trabalhadores (1964) com apoio de universitários, a favor das reformas de base e contra a ditadura da época. Ali serrviu de ponto de encontro entre populistas e poderosos. Houve massacre de gente inocente, que só tinha como arma o livro. O pensar certo. Esse era o cenário da política brasileira. Nunca imaginei que eu morando num povoado pacato, tranqüilo. Interior baiano, estava sofrendo aquelas conseqüências! Foi o que comentei com meu amigo carioca.

Que emoção! Ver uma das maiores linhas ferroviárias do mundo. A Central do Brasil. A linha que é um marco importante na história do Brasil. Única ferrovia verdadeiramente nacional, e que ligava entre si, os três principais estados do Brasil - Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.


1.7 - A voz calada


Volto ao tempo e entendo bem a atitude da professora/mãe. Enquanto o Brasil estava nas mãos dos populistas, os alunos estavam nas mãos das professoras! Enquanto calavam vozes das aspirações de um Brasil liberto, as escolas calavam vozes dos estudantes à base da palmatória! Eu faço parte desse contexto! Muitas palmatoradas levei quando não sabia a letra mostrada por um buraco feito no papel.

Sofria a fúria da mente tapada da professora que acreditava piamente que o medo fazia com que eu pensasse com ela.

O terror, ao qual me refiro eram os castigos. E minha mãe me batia mesmo. Eu não pensava, chorava antecipadas a dor e a humilhação. Eu era filha, e tinha que dá exemplo. Hoje eu entendo, ela seguia a risca o sitema da época.

Queria ser Esopo nessa hora, que contradizia com sabedoria as barbáries acontecidas há três mil anos antes de Cristo. Mas como? Eu não conhecia as fábulas de Esopo. Esopo já era sábio suficiente para acreditar que o medo não fazia as pessoas pensarem. E que o “pensar” incomodava os que estavam usufruindo das regalias que o poder lhes assegurava. E na fábula “O Lobo e Cordeiro” em que a moral da história é “A razão do mais forte é sempre mais forte” (FLINZER apud ESOPO, 1897). Fica explícito esse entendimento.


1.8 - Aprendizagem fora da escola


As histórias contadas por meu pai, eu conhecia. Mesmo agricultor e oleiro, era com ele que eu sentia vontade de ler e ouvir aquelas histórias, às vezes lendo, às vezes contando tantas outras que ouviu no passado. Isso só acontecia à noite. E nem todas as noites, porque morávamos na roça e a luz era à base de candeia. Hora de ir para escola era um tormento. Aquela maneira rude de ensinar era angustiante. E pensando minha infância na escola, comparo a atitude da professora com o lobo que não permitia o diálogo. Me vejo como o cordeiro, ao qual não era permitido o direito, nem de pensar e nem de falar. Papai a Esopo, que me fazia viajar nas suas histórias lidas e contadas.

Reporto - me a oficina “ Memórias Docentes” ministrada por Marcea em julho de 2006. Através dela busquei dados e fatos esquecidos do meu tempo de criança. Ela me fez reviver o passado de um presente vivo e vivido na minha mente.

Hoje sei, o que me fez gostar de ler, não foram as repetidas leituras da cartilha e nem o livro “Nova Infância,” e sim, a atitude sábia do meu pai. Entendo que a professora foi mais uma “vítima” do sistema de educação brasileira da época. Talvez nos tempos atuais mudaria aquela concepção de ensinar. Isso, se a ela fosse oportunizado o pensar sobre o vedadeiro papel do educador, e se ela pemitisse o direito às mudanças. Como estou tentando fazer hoje.


2 - Outras Escolas, outros ensinamentos


Outras escolas vieram, e por onde passei não foi muito diferente a metodologia.

Meados da década de 70. Cursava a 5ª série ginasial num colégio público da cidade de UIbai - Ba, de nome “Nestor Coelho”. O professor de português, Sr. Mozart, me fizera uma pergunta, não me recordo qual, mas recordo que peço a ele pra repetir, e ele me manda ir lá fora limpar os ouvidos com um pedacinho de pau. Eu saio, não para limpar os ouvidos, e sim, pra chorar de vergonha dos colegas e de raiva do professor, mas quem se atrevia a questionar os atos do professor?

Foi nessa época também que vivi tempos gloriosos para minha idade. Os 13 anos! Tempo do regresso de jovens universitários de Salvador. Eles ministravam aulas de admissão nas férias. Tinham um olhar paciente. Falavam mais, que o conteúdo livresco. Eles eram sábios, era assim que eu os via. Relatavam os exemplos de estudantes na Universidade Federal da Bahia. A mesma que faço parte agora, a UFBA.

Meu primeiro namorado foi um desses professores temporários - Fernando Machado. Um intelctual. Fascinava com as palavras dificéis que falava. Foi ele que me sugeriu o livro “ Meu Pé de Laranja Lima” de José Mauro de Vasconcelos. Foi com ele que dancei pela primeira vez, a música “Natali” de José Roberto. Falara até em compromisso sério. Mas nossos mundos foram diferentes. Ele estudante universitário, eu sem muita oportunidade, dependendo da situação finaceira para estudar. Não fui muito longe.

Já final dessa década, no colégio Luís Viana Filho em Irecê, o professor Adelmo me enchia de euforia com suas aulas de inglês, não aprendi nada de inglês, mas adorava cantar com ele a letra da música que levava pra dar aulas.

Era um prato cheio pra sair repetindo para os amigos, para namorado, as frases da música que decorava, Hoje não concordo com aquele método do professor. E Freire já dizia:

é exatamente nesse sentido que ensinar não se esgota no “tratamento” do objeto ou do conteúdo, superficialmente feito, mas se alonga à produção das condições em que aprender criticamente é possivel [...] Daí a impossibilidade de vir a tornar-se um professor crítico se, mecanicamente memorizador, é muito mais um repetidor cadenciado de frases e de idéias inertes do que um desafiador. (FREIRE, 2002, p. 29)

Se ele e eu tivésssemos lido essa teoria, talvez ele teria sido o meu mestre na arte de pensar o siginficado da lingua, e eu não teria repetido as frases da música sem me apropiar do comhecimento, e quem sabe, estaria hoje de fato, falando o inglês.

No colégio Polivalente, dois anos antes, uma professora de Historia de nome Angelina, me fazia viajar através de sua voz doce. Já estamos em outra época na educação brasileira. O ensino começa a deixar de ser somente conteudista e passa a ser também tecnicista. Os jovens estudantes tem de aprender um oficio para atender o mercado de trabalho.

Se Anísio Texeira passasse por aqui com certeza iria ter a resposta contrária a sua teoria:

a escola deve ser agente contínua de transformação e reconstrução social [...] o conceito social de educação significa que cuide a escola de interesses vocacionais, ou interesses especiais de qualquer sorte, ela não será educativa, se não utilizar desses interesses. (TEXEIRA, 1994, p. 88-89)



A escola oferecia o curso técnico agriícola. Tinha um espaço amplo para aprender fazer plantação de hortas. Até hoje não sei todos os requesitos necessários para se fazer hortas. Quando preciso para enriquecimento das aulas convido junto com as crianças um técnico que aprendeu o que naõ aprendi. E aí aprendo junto, as técnicas de plantio de um canteiro.

A professora Angelina naõ seguia essa linha do ensino tecnicista com o propósito específico de preparar os jovens da época para o mercado de trabalho, mas o jeito meigo e cativante tornava suas aulas adoráveis. Ela é uma presença viva dos meus tempos de adolescência. Já trabalhava o coletivo. Lembro-me, que com ela e colegas, fazíamos teatro na escola. Eu adorava! Não tinha liberdade para sair a noite. E a proveitava bem esses momentos. Além de aprendermos bem o asunnto, ainda fazíamos apresntações no pátio da escola. Até hoje tem uma influência na minha vida de professora. Sem contar com as amizades que fazia. Lembro que combinávamos terminar mais cedo o grupo de estudos, ou ensaios, para no tempo restante ir a boate socialyte da cidade, Apolo 11. O sucesso da época era o Twist. A pista de dança era estreita para nós. Já contava os dias para a professora Angelina passar outro trabalho em grupo.

Resultado - até a minha permanência nessa escola (1975) não via as idéias de Anísio Texeira serem interpretadas com sabedoria. Não me lembro de nenhum ensinamento voltado para essa especificidade “técnico agrícola”, Havia sim, ensinamentos básicos nas aulas práticas, que se dava a parti da construção de hortas. Sai dali sem aptdão nenhuma, e muito menos, preparada pra ingressar no mercado de tabalho. Só um ano depois é implantada a ESAGRI ( Escola Agrícola da Região de Irecê ) Quem por lá passou, na certa em técnico se transformou. Eu segui outro caminho, o magistério.

Nessa escola pública havia uma bilioteca, não tinha muito acesso, a não ser pra fazer as tais pesquisas encomendadas. Fico me perguntando, porque não seguia a teoria do meu pai, naõ lia com prazer? Não quero aqui ficar jogando a culpa somente nas escolas e muito menos, nos meus ex professores. Professor foi, e continua sendo, vítima do sistema burocrártico educacional.

Ressoou a imagem e atitudes de ioiô Vicente Vasconcelos, ele não foi em escola de alfabetização, e sabia ler. Lia seus livros de remédios caseiros e a bíblia. Não frequentou escola técnica, e construiu um engenho de rapadura, desenvolveu agricultura de subsistência e criação de animais. Abriu poços artesianos (cacimba) para matar a sede dos moradores do lugarejo onde morava. Tudo isso longe das escolas e dos professores. E era sábio, para me mandar procurar respostas nos livros, quando a ele,fazia alguma pergunta que não sabia responder.

Iaiá Xica Rita, como seus netos lhe chamava, não ficava atrás, era uma fonte riquissíma de conhecimentos da cultura popular. Descrevia a cultura da sua época com sequência de fatos e dados, impressionante! Que saudades de Xica Rita, contando aqueles causos da sua época, que só ela sabia interpretar!

Meu avô estava certo, quando me mandava buscar nos livros, as respostas. - -Porque só esperar pelas respostas das escolas e dos professores?

Fora da sala de aula, recordo – me, dos cadernos belíisimos que enfeitava intitulados “Cadernos de Confidêmcias,” ou “Cadernos de Recordações” Neles elaborava perguntas estratégicas para descobrir tudo sobre o paquera, amigos ou rivais. Em um outro, os amigos, amigas, colegas, deixavam menssagens. Não via a hora de sentar e devorar página por página.


Recorte



Época de cursar o magistério. Precisava buscar novos horizontes. O meu desejo era o de ir além, cursar uma faculdade, ser psicóloga! Não passou de um sonho. Tive que me conformar somente com a idéia de conseguir um emprego, que, aliás, é o desejo de todo jovem carente das cidades do interior, por não ter opção de melhoria de vida. E minha cidade não tinha opções de escolha, só haviam dois cursos: Mgistério e Contabilidade, e eram pagos.

Ano das mudanças, das oportunidades- 2004. Tentei caminhar ao contrário das ações autoritárias e ditadoras de regras, e obrigações de cumprimentos no quadro educacional brasileiro baiano, especificamente ireceense. Estava em busca de mais gente libertas de vozes e pensar. Gente que me ajudasse a refletir. Estava fazendo parte do quadro da Ufba. Ufba que vivenciou o Brasil das argüirias! Da morte! Da voz opressora e oprimida! E eu ainda sou voz oprimida. Estou longe de descentralização do saber. Começava minha caminhada. Dessa vez aliada a professores com autonomia de descentralizar esse saber! Saber esse, que me envolve, e me deixava envolver, instigando a buscar na memória às historias de vida esquecidas no tempo e no espaço, ouvindo as vozes deles - os professores! E buscando nos livros outras vozes.

Recordo-me hoje, uma frase que marcou o início do meu pensar em busca de um olhar reflexivo “A escrita é singular, mas necessita de outras vozes” (RAMOS, Menandro, 2004).

Uma outra voz, me fez faz revoar. È a voz da professora e doutora Roseli Sá. Ela que me parecia tão alheia as pequenas causas, me dá a mão no momento mais crucial na oficina ministrada por ela - Pedagogia Ao Longo da História, quando a mim foi incubido o resumo oral do trabalho. Dias antes, li, reli, rascunhei, organizei. Tava afiada para a presentação. Mas o nervoso falou mais alto, e diante de um questionamento da colega, a memória me falha. E eu sabia a resposta. Ali eu gaguejo, me dá um branco. Roseli fala comigo, me ajuda na fala, ela percebe. Por esse motivo lhe faço um agradecimento especial na conclusão do “Diário do Ciclo Cinco e uma homenagem poética. (anexo 9)


3 - Primeiro emprego



Enfim, o primeiro emprego! Esse durou 21 anos!

Em 1977 é inaugurada a escola de nome Desembargador Pedro Ribeiro de Araújo Bittencourt, a Fundação Bradesco. Principal destaque na cidade de Irecê pela sua estrutura física. O ensino, com certeza, seria de qualidade!

No colégio Luis Filho estava me preparando para o estágio. Cria-se um método de incentivo. As melhores estudantes farão o estágio na Escola Fundaçao Bradesco. Fui uma das indicadas. Fiz o estágio. No final surgiu uma vaga de auxiliar de almoxarifado. Lindete Figuerdo desocupara a vaga. A mesma Lindete, ex Secretária de Educação do municipio de Irecê, E Com certeza, está nas histórias de muitos professores. Ela ocuparia outro cargo, professora. Fiquei sabendo e pedi ao diretor, o Sr. Otacilo, o cargo vago. Ele demonstra resistência, acreditava ser melhor me arranjar uma boquinha no colégio Odete. Persisto. Nada. Dona Bernadete, então merendeira, intervém por mim. Conta lá uma história sofrida, Ela conhecia bem minha mãe. Ganho o emprego. Não sei se foi esse o motivo.

Começo a trabalhar, conquistar minha independência. Caso em janeiro de 1980, dois anos depois, de conseguir o emprego, Fiz um péssimo casamento, que resultou em três filhos e uma separação.



2 -Eu e meus filhos – 24/12/2006

Meus filhos são as únicas coisa boas que me restaram desse ato matrmonial.

Durante esse tempo trabalhei nas profissões de inspetora, almoxarifado, auxiliar de biblioteca e professora.

Recordo-me que desenvolvia um trabalho polivalente. Ora, substituindo professsores, ora, ajudando nas programações de datas comemorativas. Períodos em que os alunos falavam.

Aconteceram durante os 21 anos algumas promoções. Fui prompvida a auxiliar de bilbioteca, após três meses de almoxarifado. Precisava de alguém para substituir uma funcionaria que saira da sala por não estar desenvolvendo um bom trabalho. Era Sebastiana, nunca vou me esquecer. Sebastiana assim como eu, não lia muito na biblioteca, mas em compensação dormia muito. Que situação! Eu sendo promovida e “Tiana” perdendo o emprego. Coitada! Não podia fazer nada, se não fosse eu, seria outra pessoa.

Estou no ano de 2006. Vinte e dois anos depois. E penso: estive dentro de uma biblioteca. Conhecia todos os nomes de autores e títulos dos livros e revistas do acervo, porém, não conhecia suas histórias, seus contextos.


4- Trajetória de professora


1984. Fui promovida à professora para alfabetizar quarenta e cinco crianças na faixa de sete anos de idade, que ainda não tinham freqüentado a escola antes. E conseqüentemente aprová-las para a segunda série. O livro era a cartilha e o livro de português de Joanita Souza, que seria usado depois de estarem alfabetizados. Na escola havia uma biblioteca. E para infelicidade das crianças, era o lugar menos freqüentado.

Alfabetizei também pelo método “A Casinha Feliz” que de felicidade não tinha nada. Era mais uma regressão mental. Não me vêm nada à mente sobre sua origem. Não me interessei em saber.

Segundo Saviani citado por Eduardo Chaves “O ensino era centrado no homem como receptor passivo do conhecimento” (CHAVES, 2003 ) ou seja, a pedagogia não crítica. Não vou aqui usar de palavras enfeitadas no discordar ou concordar. Eu vi. Eu agi assim, por esse motivo concordo com o que li no artigo. A escola Bradesco preparava o aluno para prestar serviço ao banco e outras empresas de seu interesse.

Acredito que com a influência do meu pai desenvolvi um pouco o hábito de ler e lia, não com tanta freqüência, contos de fadas, na sala de aula. Hoje fazendo esse relato recordo-me que não era uma professional realizada. Sentia que precisava mudar, porém, não sabia como fazer. Ficava aprisionada a livros didáticos. Sempre achava que estava faltando algo nas aulas que ministrava, sem me permitir o direito, nem tampouco, aos alunos, o prazer de ler. Não tinham vozes, meros repetidores! E eu também..

Vozes só tinham pra fazer bonito nas apresntações em dia de festa na escola. Tudo copiado. Até hoje ainda existe o Glamour sem holofotes nas escolas. As falas mentirosas ainda ressoam. Ouço e vejo colegas se glamouriarem nos seminários, questionando a falha do outro, sem conectar a sua.

Faço um paralelo de agora aos anos 80. Eu debulhava os conteúdos dos livros didáticos sem certificar – me, de que aquilo que estava escrito, era o siginificativo para mim, e para os alunos. Tentei mudar, mas não fui muito além. Adaptei uma cartilha. Abolia o que não acreditava estar certo e acresentava algo acreditando ser o melhor. Essa cartilha guardei ate pouco tempo comigo.

Não esqueço a metodologia que usei. As cartilhas vinham com palavras chaves e em seguida, uma lista de silábas e outras palavras começadas com a derterminada sílaba. Eu retirava as repetições e elaborava tipo uma pesquisa, ex. se fosse sapo, ao invés de trabalahar as silabas, “sa-se-si- so- su,” eu e os alunos íamos procurar saber sobre o sapo, desde as lavas até a fase adulta. Lembro que, quando chegou a vez de trabalhar o dígrafo “nh”, pedi as crianças que levassem ninhos de aves para se começar a pesquisa sobre os mesmos, não deu outra, todo mundo empestiado de pragas, No lugar da pesquisa, começou uma maratona de coceiras. Resultado - não víamos a hora de sair para casa e tomar um banho. A pesquisa, não me recordo como acabou, só recordo o medo que fiquei da coordenadora saber, porque aproveitei a viagem dela a São Paulo pra convencer o diretor, a mandar rodar no mimeográto à óleo 45 textos cartilhados, cada um com vinte laudas, mais ou menos. E olha, que mimeógrafo á eleo, o extêncil custava caro!

Em 1994 Outro contexto hostórico - o construivismo sócio intercionismo. Foi um “rebu”. Resolve mudar o processo de ensino. Recordo que às presssas arrumei a mala. O rumo era Cidade de Deus em Osasco - São Paulo. Era tempo das mudanças no ensino fundamental, principalmente na alfabetização.

Agosto de 1994 estou de saída pra Salvador. A viagem é de ônibus, tudo de primeira classe, dizia o diretor. Pego o vôo, a primeira vez que viajo de avião. Quem se ater para minha história, a estranheza já inicia aqui. Chego no Aeroporto de Cumbica, só não me perco, porque é tudo de primenira classe, como me disse o diretor. O táxi me aguardava. Vou de encontro às mundanças. A nova maneira de ensino, o construtivismo.

Não me vêm a memória, os nomes dos minstradores do curso, mas a primeira coisa que fizeram após abertura, foi pedirem aos presentes que se acomodassem, porque tinham que fazer um exercício de raciocínio lógico para avaliar a capacidade de inteligência de cada um, e que, durante a relização ninguém conversassem. E começa a rodopiar na sala perto de cada um pisando forte no chão. Vez outra, fazia uma observção. “Ande mais rápido” “ você ainda não resolveu?” O medo do ridículo tomou conta de mim. Que alivio! Era um teste para reflexão. Um teste para enterdermos o objetivo do curso.

Perguntava o professor depois, o que sentíamos. Os que conseguiram, a resposta foi de euforia, eu que nem o papel conseguir abri, falei que o medo havia tomado conte de mim. Quando todos falaram seus sentimentos, veio a reflexão. Pergunta um dos os ministradores: vocês já pararam pra pensar que esse medo, estamos constantemente fazendo os nossos alunos sentirem? Foi como uma chicotada. Ali veio um rodízio de recordações de brutalidade, não de espancamentos, mas de ações extremamenrte desagradáveis, o silêncio obrigatório, o vomitar de conteúdos, o cobrir letras, a culpa do não aprendizado, à falta de interesse do aluno, o conselho de classe.

Inicia-se. Emilía Fereiro, Ana Taberosck, Piaget era o asunto. Estava no auge o construtivismo mal interpretado por alguns educadores.

Eu entendi que construtivismo é o ato de constriur conhecimento a partir de dados concretos, visíveis ou não, e que o mesmo, não se dê de forma linear, e nem em tempo rápido. O indivíduo aprendiz, baseado no conhecimento adquirido, e curiosidades, constrói o seu próprio, para a partir daí, reinventar e reconstruí-lo. E que tenha uma funcionalidade na sua vida prática. Já outra voz, na voz de Piaget, diz

[...] “a construção impllica em reconstrução”. Um saber anteriormente construído não se fosiliza, mas se transforma continuamente. Para assimilar novos conhecimentos, esse saber anteriormente construído, precisa ser recontruído.[...] Esse processo estremamente dinâmico caminha das atividades sociais de participação do aprendiz junto com outras pessoas. (MUTAI, 1995, p. 33) p

Voltei cheia de idéias confusas. Enfrentei o primeiro desafio, tentar sair da cartilha. Planejei a primeira aula. E, como o objetivo era de oportunizar a fala oral e escrita, li a história “O Patinho Feio” (Hans Andersen) e pedi às crianças que registrassem e ilustrassem a parte da história que tivessem gostado. Recolhi as produções e feliz com o resultado, compartilhei com algumas colegas de grupo de trabalho. Uma das produções estava escrita: “A patia fu pasia cm us sus fiote na foeta”. O que ouvi em observação me deixou triste e desanimada: “esse daí não vai ser aprovado não, vai?”.

Voltei para casa com um nó tremendo na mente. E o pior, retomei o plano tradicional, onde deveria questionar, opinar, continuar buscando. Calei diante da mais necessária voz: a de convencimento através do conhecimento. Convencê-las de que alfabetizar não era apenas saber nomes de letras, decodificar palavras. Era saber desenvolver atividades de leitura em que os alunos precisariam pensar sobre a funcionalidade da escrita e leitura. Era tentar construir procedimentos de análise e encontrar maneiras de representar graficamente aquilo que se propõe a escrever. Não tinha a arma maior, o conhecimento, como sugeriu o mestre nodestino. Não lia Paulo Freire para assegurar minha tese de mudança. Se o conhecesse diria:

Neste sentido, o bom professor é o que consegue enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento [...] Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor, que por ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de decisão. ( FREIRE, 2002,p.96-115 )

E eu fui neutra, não tive o conhecimento do convencimento.

Ah! Se eu tivesse conhecido a professsrora Lícia! Falaria o que ela me fez entender e buscar .

Trago à minha memória uma atividade ministrada por Lícia, que está sendo marco na minha prática educativa - O uso da palavra escrita - em que ela comprovou na prática, a sua teoria de como incentivar a escrita, e o enriquecimento de textos em sala de aula. Entre tantas metodologias, uma me chamou a atenção - O recheio de palavras, em que é possível ler e escrever com prazer e significação.

Como os alunos e alunas ficavam fascinados com as histórias que lia! Chegava a dar prazer! Lia com entusiasmo. Essas leituras eu faço com Pedro Lucas, meu netinho.

Início a jornada de produção escrita. Primeiro, começo a escrever recadinhos individuais e coletivos, exemplo - “Estou feliz em ter você como aluna” “Espero ser sua amiga”. Essa atitude foi inspirada na leitura do livro “A Professora maluquinha” (ZIRALDO, 1995) uma homenagem feita a sua professora de primeira serie:

Ziraldo conta que teve a sorte de ter uma “professora maluquinha” logo na primeira série. Ela tinha 16 anos e não sabia de nada, mas adorava ler. Chegava na escola com a mala cheia de gibis. E lia os seus romances para nós. Quando tocava a sineta, nós entrávamos voando na sala porque queríamos ouvir as histórias e ler os gibis e livros que ela trazia. Alunos correndo para entrar em uma sala de aula, alegre. E, no mesmo fôlego, ele afirma que falta de recursos ou de apoio não é desculpa para não ser um professor ou professora maluquinha.

Dá para fazer porque criar é tirar leite de pedra. Onde é que as civilizações nasceram? Nos lugares de intempérie. A criatividade é resultado das dificuldades. Então, neguinho diz que não fez porque não tinha recursos. E eu retruco: Ué, aí é que você tinha de fazer, pô. (BASÍLIO & MÔNICA, 2006)


5 -O ingresso


1987. Outros cursos foram surgindo na linha construtivista de ensino, e essa concepção do ensino “bancário” foi mudando. Faço parte também da Rede Municipal de Ensino de Irecê. A educação estava em revolução, e a Fundação - Bradesco era uma exceção na cidade, porque possibilitava aos jovens e crianças uma escola gratuita de boa estrtura física. As demais áreas de educação na rede pública municipal predominavam o método tradicional de ensino, e o cárcere privado, em que os alunos e alunas eram sujeitos aos piores tipos de agressões físicas e verbais. Mediante o fato, a população se revoltou chamou por socorro e, por fim, o grito maior: “Queremos mudança!” Elegemos Aldaberto Lélis e Joacy Dourado, na esperança de almejarmos a tão sonhada “liberdade”, não somente na área da educação, mas em todo setor sócio - político - econômico do município.

A voz que me vêm agora é de Inêz Carvalho. Final do Ciclo Cinco - 2005. “Todos atribuem à mudança na educação de Irecê em 1997 ao prefeito Aldaberto Lelis. Não hove um salvador, o que existe é um contexto histórico com suas mudanças regidas por leis. Continua ela - é bom começarem a pensar em que contexto estamos, tanto local, quanto global, e que, um depende do outro, no âmbito de suas histórias e evoluções ( CARVALHO, 2005)

Fiquei a pensar - mas como? Não foi isso que ouvia nos discursos políticos. A voz era homgênea. “O prefeito é inteligente!” “é da esquerda!” “é socialista” “não precisa do apoio do governo estadual” “ele governa Irecê com a garra e a coragem! “E isso ele tem de sobra”.

A professora Inêz não ficou somente no discurso. Ela e sua equipe me orientou o caminho. Inteirar-me das leis. E o curso desencadeou em oficinas que favorecia essa busca. E eu busquei.

Enquanto o prefeito, fez a sua história, contrbuiu para a melhoria educacional de Irecê, munido de leis, óbvio! Não sei se com tanta inteligência, como ouvi falar.

Nessa mesma semana o encontrei no bairro que moro pedindo voto de casa em casa. Seguia de cabeça erguida e com muita humildade. Louvei a atitude. Para quem foi tido como herói, e o trono caido, e os admiradores sumidos! São coisas da política!

Ele me chamou, coisa que nunca tinha feito antes. Me aproximei. Pegou na minha mão e perguntou: Será que ganho as eleições para deputado? Aproveitei minha chance. A chance de está ali cara a cara. Enchi os pulmões, levantei a cabeça, olhei nos olhos e disse: Com certeza, você tem história, o que você e outros políticos tem que rever é a descentralização do poder. Todo politico tem esse defeito, deixam o poder falar mais alto e não enxergam o óbvio dos seus tronos gabinetais.

Ele me disse mais ou menos assim: é... isso serve para uma avaliação posterior.


6- A promoção


A Secretaria de Educação de Irecê, promovia cursos e concursos, procurando sanar o mais rápido possível essa deficiência sócio-político-educacional. Oferecia cursos aos professores e professoras através do Profa - Programa de Formação de Professores Alfabetadores promovido pelo MEC, Avante, o Capacitar pelo grupo Pitágoras e vários seminários.

A cada encontro uma nova descoberta. E mais nós na cabeça, e vontade de buscar mais e mais conhecimentos. As angústias não pareciam acabar. Resolvi assumir meu papel e fazer valer minha autonomia. Fazer o que deu pra entender com perfeição, mesmo sabendo que as imperfeições brotariam, porque o novo sempre é difícil diante de tantas teorias comprovadas por pesquisadores e pensadores da educação, e a realidade posta.

Piaget, Vygotsky, Freinet, Paulo Freire e tantos outros, reforçavam o pensar da minha prática em sala de aula a todo instante, na voz de quem os interpretavam. Eu intrerpretava pouco, ou quase nada , eram passados assim, como as notícias do Jornais escritos e falados.

Agora descubro o porque da minha angústia! Os cursos ofececidos seguiam mais uma linha de preparação de professores para atender o mercado capitalista, do que mesmo, uma formação consciente, que me proporcionasse um olhar mais consciente para ir de encontro às mudanças sócio-educativas. Mesmo entendendo assim, não me via capaz de propor, outro caminho, questionar.

Estou indo de acordo Lucíola Lucínio numa entrevista dada a Revista Presença Pedagógica jan/fev/2006. “Fico então admirada que, não tendo nada proposto, os educadores se sintam completamente irritados, indgnados, quando a proposta vem “de cima pra baixo” ( PAIXÃO, Luciola, 2006,p.8) Digo mais, além de indignados, mau informados. E eu era mau informada. Ainda não sou cheia dos conhecimentos, mas sei que caminho seguir.

A lembrança que me vem desses anos - 1998/97/99 não são de tantos elogios. Eu ia quase todos os sábados participar das capacitações, uma delas, o “Capacitar” pelo grupo Pitágoras. Não contava às vezes que tinha que molhar o rosto pra espertar o sono e cansaço da semana inteira de trabalho. A prática mostrada era em fitas de vídeo. Parecia contos de fada. Poucas crianças super espressivas, participantes, assimiladoras. E a estrutura física invejável! E em nenhum momento eu via a realidade das crianças com quem trabalhava.

Voltava dali com uma angústia tremenda. Por mais que quisesse adaptar a metodologia à pratica, era difícil.

Para começo de conversa, as salas eram lotadas, o ambiente físico de uma caoticidade, que só vendo! Jamais daria para levar a estratégia de ensino para a prática pedagógica, no mínimo dava para adaptar algumas metodologias no planejamento. Valeu a tentativa de mudança, eu aprendi muito.

Hoje seria diferente, porque a mim foi proposto camimhos para enriquecer minha prática . Não sou assim, uma leitora de mão cheia, embora, já trilho esse caminho. Por esse motivo que defendo a teoria, que o Curso foi e será de grande valia nessa trajetória.

Ele não é pacote pronto, ao contrário, orienta a dismistificar os tais pacotes.


6 - Convite


Surgiu o convite para alfabetizar um grupo de alunos e alunas idade/série defasada num período de três meses através do método tradicional, a parti de uma palavra-chave na ordem das letras do alfabeto, com dias marcados para se cumprir os módulos. Senti que, da turma de professores convidados para desenvolver esse trabalho, a única que não teve a aprovação da orientadora, fui eu. Eu não conseguia seguir os módulos ao pé da letra, sempre modificava algo que julgava ser melhor no momento, e para o entendimento da leitura e escrita, que não fosse as ditas “palavras-chaves”.

E o pior, não alfabetizei, não alcancei os 100% de decodificadores (alfabetizados). Quando recebia a visita da mesma, às vezes queria que acreditasse que eu estaria cumprindo ao pé da letra o módulo. Era o momento mais angustiante daquele dia.

Eu tinha certeza que as observações ao meu respeito não eram das melhores. A minha tristeza maior, era não ter capacidade e autonomia para contrapor aquela situação das decodificações, das fragmentações, ou seja, a mutilação da escrita e leitura de um texto. Uma coisa queria acreditar, esse grupo de alunos posteriormente conseguiria ler e escrever nas escolas por onde iriam freqüentar, porque ali plantei e reguei os grãos num pedacinho de terra fértil.

Retomei as classes regulares e segui a caminhada em busca dos horizontes. Vou refleti sempre sobre o que escrevi do pedacinho do poema de Fernando Pessoa no início desse relato, nas colocações dos orientadores das oficinas e mergulhar na vontade de aprender e fazer da melhor maneira, o que sei, como me fez pensar o texto “A Professora Maluquinha” ZIRALDO. 1995) e “A Professora de Horizontologia” (ALMEIDA, 1971) deixando explícito que quando se permite aprender percorre-se mais caminhos e descobre-se mais horizontes. E começo percorrer caminhos em busca do conhecimento.


8 - Evolução

Procuro despir-me do que aprendi

E esquecer - me do modo de lembrar

Como me ensinaram...

Fernando Pessoa


E eu acrescentaria em relação a epigrafe acima: “e como ensinei a alguém”


Como é difícil acompanhar as evoluções dos tempos modernos! Sei que meu papel de professor / educador é o de saber usar estratégias de busca para aperfeiçoar a minha prática pedagógica em sala de aula, e não associar o fracasso a falta de oportunidade, a falta de tempo, a órgãos dessa, ou daquela repartição. É notório que a sociedade vem sofrendo transformações ao longo do tempo. E eu tenho que acompanhar essas evoluções.

Muitas escolas ainda não tem uma ponte de ligação para os tempo conteporâneos. Eu sou parte dessa escola. É preciso continuar na busca do saber, e enriquecer mais meu conhecimeto, e com adequação, quesestionar diante dos fatos. Os fatos que a todo momento estão presente aos nossos olhos de uma sociedade em evolução.

Janeiro de 2004 - Meu vôo agora é ao Hotel Gold Pallace - “Infelizmente as escolas teimam em trabalhar na maioria, fora do contexto social. Para escola e sociedade caminharem juntas, é necessário que professores adquiram mais conhecimentos referente ao mundo letrado, ou não, e dos meios tecnológicos”. Essa era a voz dos mestres ufbenses presentes no local.

Ali me concientizo - apesar de não ter parado na época do texto a “Normalista” de Benedito Lacerda/ / David Nasser, tenho que procurar ampliar e florir meus horizontes.

Essa oportunidade eu tive com meu ingresso no Curso de Licenciatura em Pedagogia pela Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia. É um meio que estava oferecendo esclarecimentos as minhas dúvidas. Favorecia ampliação do conhecimento.Era por intermédio dele, que viria fazer uso da linguagem falada e escrita mais eficaz.


9 - O sonho vira realidade



O sonho não estava morrendo, estava nascendo.

“A história avança, não de modo frontal, como um rio, mas por desvios que decorrem de inovaçãoes, ou de criações internas de acontecimentos ou acidentes internos” (MORIM, 2006, p.81)

É um sonho? E um desejo? Ou desejo, de um sonho, que se tranformou em realidade?

Aconteceu o Projeto Irecê! Digo como Morim, foi um desvio de ações pensadas em coletividade. Sou parte do coletivo. Se continuo sem saber desviar, vou continuar com medo, incapaz, e pouco vou fazer para que as mudanças aconteçam.

O sonho é alimento da alma, sei disso, porém a realidade nos fazia transportar para outras dimensões, a da curiosidade, a das realizações que muitas vezes eram barradas pelos obstáculos do medo, do cansaço, da falta de credibilidade, enfim, as barreiras que essa realidade da era da modernidade nos impõem. É com essas imposições que eu como professora teria que aprender a lidar, a aceitar, ou até quem sabe, ajudar a transformá-la. Fui curiosa no meu jeito calado.

E quem melhor seria, se não o professor, que mais do que ninguém conhece e sente na pele, que na verdade as modernizações nas escolas públicas no geral ficam na maioria das vezes no discurso? Mas também era com prazer que constatava que Irecê vinha fazendo a diferença na preocupação da melhoria educacional.

Certificava - me que sonhos requeriam esforços, perspectivas para quebra de paradigmas. Os desafios estavam sugindo na minha vida como uma necessidade de aperfeiçoar, de correr atrás para não permanecer nas mesmices, nas repetições. Precisava me permitir esse aprendizado confrontado com tantos conhecimentos caídos como pára-quedas em minha cabeça.

Sei, foram bem intencionados por parte dos professores do curso, e difícil de interpretação por mim, às vezes. Me perguntava o tempo todo, como era possível conciliar a minha trajetória de professora, às tarefas do curso e da escola, em decorrência do tempo e remuneração, que mal dava pra alimentação precária. Com isso, o percurso foi ficando mais difícil, visto que, professor não tem seus direitos respeitados, somente deveres e muitas cobranças. Essa minha colocação tem uma justificariva - ou leríamos, ou continuvámos sem demcracia.

Compus até um poema com esse tema, intitulado “Escola - Sonho ou Pesadelo”? (anexo 1)

Esse mesmo poema, até então, só publicado no meu blog, tem um destaque no Jornalzinho “ O brasileirinho” autoria e edição de Jckson Rubem.

Jackson eu conheço desde rapaizinho. Adorava ler, sempre curioso por fatos históricos. Dele também eu ganhei o livro “ Irecê, História, Causos e Lendas” de sua própria autoria. O livro é uma fonte riquíssima de informações sobre a história do meu município. Uma história que estava morta na mente do seu povo. E muitas eram as histórias contadas e escritas em contrvérsia à sua origem.

Essas e outras visões fui adquirindo no decorrer do meu curso. Sentia-me recompensada quando as idéias fluiam a cada aprendizado adquirido através das oficinas e encontros com orientadores, como também, a vontade de por em prática mesmo quando na maioria das vezes, não tinha os recursos necessários na escola para realizações com mais perfeição das atividades escolares.

Era necessário ir em busca de outras fontes, a exemplo, de aparelhos de som, tv, vídeo, micro-computadores, máquina de xérox e biblioteca. Os obstáculos existiam, mais o prazer fazia com que desenvolvesse projetos significativos junto as crianças e colegas de trabalho.

Como foi gratificante o desenvolvimento do Projeto - Contos Clássicos! Uma ementa do projeto maior da Escola, o de leitura, desnvolvido em 2004.

Houve um envolvimento grandioso por parte dos alunos, pais professores e direção. Acredito que esse todo envolvimento foi o resultado da Oficina - O Uso da Palvra Escrita com Lícia . Ela me envolveu com sua estratégia sábia de como ler. Comprovou na prática, a sua teoria de como incentivar à leitura e a escrita, com o enriquecimento de textos na sala de aula. Ali vi a interação e socializaçao de todos os cursistas. Trazia com ela grandes nomes da literatura - Ziraldo, Érico Veríssimo e tantos outros. Mais uma vez componho um poema, dessa vez, uma homenagem a Lícia. “ O Bailar das palavras” Até hoje não sei se ela tomou conhecimento.(anexo 2)

Durante o desenrolar do projeto “Contos Cláissicos” propiciei momentos de leitura na biblioteca da Escola Fundação Bradesco. A mesma que trabalhei por quatro anos de 1980/1984.

Essa época não tinha ainda biblioteca na escola Municipal São Pedro..

Estava chegando o então governador Paulo Souto em Irecê. UM grupo de crianças sugeriu escrever uma carta pedindo computadores.

Já nasce a idéia, que através do computador se faz leitura também. A carta foi escrita coletivamente, eles. os oradores, eu, a escriba. O governador recebeu em mãos. Mas o retorno através de sua secretária nos deixou tristes. Ele não podia atender a necessidade das crianças, porque era de responsabilidade do prefeito municipal.

Sei eu agora, que faltou um projeto mais sério e consistente de Politicas Públicas.

Outro projeto nasceu na sala de aula “ Cidadão em Ação” As crianças de nove anos de idade tomam conhecimento do porquê de não ter livros literários, listam comigo sugestões para possíveis tomadas de decisões, como a ação pensada em relação ao Projeto Biblioteca que foi elaborado desde 2002. A escola num todo envolveu, tanto na elaboração, quanto nas reivindicações.

As crianças participam com produções de cartas coletivas. Dão idéia. Estamos em 2005, e só conseguimos a planta. Pode ser que no fim deste ano essa situação se modifique, e essa declaração tenha que ser mudada.

Aprendo e constato que a referência citada nas aulas me engrandece quando por elas me interesso. Como disse Paulo Freire “No mundo das histórias, da cultura, da política, constato não para me adaptar, mas para mudar” (FEIRE, 2002, p.77).

Às vezes me sentia cruel comigo mesma, chegando a me comparar a uma ilha. A ilha cercada de água por todos os lados, e eu, como professora, cercada de dependências. Não estava sendo fácil. Estava longe de me ver uma profissional questionadora, principalmente em defesa das teorias impostas ou postas. Ficava a pensar “não deveria ser eu o mediador do conhecimento”?

Admiro Rubem Alves, esse escritor sem vivência nenhuma com o ensino fundamental, embora professor, que descreveu com clareza tamanha como seriam as escolas e professores dos seus sonhos. Que prazer me daria, se escrevesse: “Porque quiseram e querem fazer morrer os sonhos de um professor”? Um bom título.

Na realidade, vejo que esse curso me proporcionou meu desenvolvimento intelectual. Já começo a ter a preocupação para não ser um mero receptor e repetidor do que ouvia, do que recebia pronto. Essa concepção já é outra. Já começava a ter a preocupação de refletir sobre algo que me diziam ser bom.

Professor Claúdio Orlando entra em cena. A atividade era “Narrativas e Tendências Pedagógicasa Contemporâreas”. Dizia ele: é imprescindível que o professor saiba de fato o que as teorias e métodos de ensino trazem de bom e que podem ser mudados adaptados ou até abolidos ( ORLANDO, Claúdio,2005).

Os tempos são outros. Já se passaram quase três anos. Anos que contriburam para meu crescimento intelectual dentro de um pequeno desvio. Desvio de conhecimentos tidos como verdades absolutas. Eles não são advindos de milagres, e sim, de muita luta.

Hoje me recordo o quanto era alheia às leituras literárias! Sempre procurava um jeito de me justificar em relação às mesmas. Ora, o tempo era escasso, ora, o salário era insuficiente para possuir um livro. Mas quando há uma luz, há perspectiva, há busca. Não me falta no meu móvel velho um livro para eu ler. Uns presenteados, outros emprestados, e até comprados. Não era uma leitura assídua ainda, porém já trocava afazeres domésticos, por uma boa leitura.

Cada vez mais crescia a necessidade de continuar os meus estudos.

Até certo tempo a aptidão era desconhecida. Acreditava ser professora por falta de opção de um outro curso antes disponível em Irecê. Descubro que gosto do que faço, e quero fazer bem, porém me escapava a possibilidade de realizações satisfatórias. Surgiam as inquietações, as dúvidas. Minha vontade era tamanha para associar o aprendizado, a cada aula do curso à minha prática - educatica. Confesso sem constrangimentos, o mais difícil era assimilar o tempo para tantas leituras, indispensáveis ao meu aprendizado, no caso, as referências teóricas e técnicas coerentes à realidade da prática em sala de aula.

As dúvidas, as inquietações, ainda são presentes. O importante é que através delas, foi despertando em mim o interesse de como fazer.


10 - Olhar crítico


Minha formação já me permitia, ter esse olhar crítico sobre mim mesma.

A pofessora Ana Lúcia na atividade Metodologia no ensino fundamental, me sugeriu um texto de Lolani Vasconcelos sobre a importância do elemento metodológico e sua função política. Fiz um comentário corajoso - se alguém chegasse na sala e perguntasse qual referência teórica eu estaria desnvolvendo, não saberia responder. Ela foi de uma rapidez impressionante na resposta - eu, como coordenadora, saberia se presenciasse a aula, é o papel de todo coordenador. Fiquei a me questionar - e eu? - Vou continuar sem saber? Esse fato ficou mais explícito quando li o livro: “A Crise dos Paradgmas e a Educação” Livro que ela mesma me sugeriu. Li o trecho:

Os acontecimentos se precipitaram e as nossas categorias se tornam pobres para entendê-las.[...] [...] A fragmentação que se deu o nome de pós-moderno. Nome estranho, vago que anuncia que algo foi ultrapassado, que estamos em outros momentos, embora não saibamos exatamente qual e o que significa. (BRANDÃO,1995, p.48)


Segui minha trajetória de cursista, certa de que, como esse, outros paradagmas viriam.

Acreditava que no decorrer do curso, outras descobertas aconteceriam.

Um dos meus objetivos era desenvolver a minha oralidade, para que posteriormente pudesse defender minhas idéias com convicção e segurança. E contribuir também com as ações sociais da comunidade da qual faço parte, o bairro Fundação Bradesco, visto que, são tantas as “priori” e que, as mudanças não acontecem sozinhas. Acreditei que juntando forças se conseguira melhorar os aspectos sócio-culturais de um lugar. Com esse pensar aceitei fazer parte da diretoria da Associação Comunitária de Moradores. Convite de um grupo de alunos da Escola Fundação - Bradesco, da professora Solange Maciel, e do ex diretor, o Sr. Otacílio.

Pude perceber que não é fácil convencer um povo desacreditado a mudar, a fazer valer seus direitos enquanto cidadãos. Estava pondo em prática o meu aprendizado. Recordo quando o professor Cláudio me fez refletir com a leitura de texto “Portas” de Içami Tibas [...] se você abre a porta, vence a dúvida, o medo, e entra, dá um grande passo [...] mas também tem um preço, são inúmeras outras portas que você descobre. (TIBA, Içami,1998)

Pensei comigo mesma - só me resta Criar estratégias de sensibilizção e de convencimento, é o que terei de fazer. Cobranças sem conhecimento, são ações sem arma. Queria que a comunidade entendesse sua força unida. Que fosse partícipes pensantes dessa organização social. Dei o passo inicial. Levei a idéia para escola, pedi a direção pra nos ajudar na conscientização. Começamos a divulgação através das portas que foram se abrindo - escola, igreja, prefeitura, nas nossas casas. Está andando a passo lentos, mas a idéia já está implantada. A porta começa a se abrir.

Aqui volto ao contexto histórico de 1964 - a luta era contra a arma maior, as mentes pensantes, hoje a luta é a favor do resgate dessas mesmas mentes.

Charles Chaplin no seu discurso no final do filme “O Grande Ditador” enviou uma menssagem sábia ao público “Pensamos em demasia e sentimos bem pouco, mais do que as máquinas precisamos de humanidade” (CHAPLIN,1940). E na minha comunidade constatei o contrário, o povo sente, aclama, implora, mas não pensa uma maneira sábia de como rebater os descalabros sociais nas periferias. Percebo que contentam ainda com troca de votos, de favores mesquinhos.


11 -- Realizações


Alegro-me em constatar que o medo do sonho de desmoronar foi excluído do meu duvidar de 2003. Recordo-me quando na abertura de Terceiro Ciclo, pude comprovar a solidificação do curso com entusiasmo, ansiedade e muita perspectiva.

Iniciou uma maratona de confrontamentos de idéias e pensar. Começa com a notícia de que o seminário é em Salvador. Arrumo a bagagem. A viagem está marcada. Viajo com o grupo de cursistas. O destino: Faculdade de Educação/ FACED. Ao chegar, a curiosidade só aumentava. Sem saber ao certo o que me esperava, alojo com um grupo de colegas em uma das salas da Faculdade. Muita interação, conversas descontraídas, brincadeiras, aprendizado. Dá-se inicio ao seminário no auditório da reitoria da UFBA (Universidade Federal da Bahia).

Senhor Naomar nos saúda com boas vindas. Inêz fala da emoção de ser realizado um dos mais novos quadros da FACED/UFBA, o Progroma de Formação Continuada de Professores para o município de Irecê, mesmo com tantas barreiras a serem derrubadas. As minhas expectativas aumentavam. Tudo era novidade. Conheço Mary Arapiraca. Fico sabendo da sua participação no processo seletivo do Projeto Irecê.

Nelson estava como sempre, olhos bem abertos e diretos. Fala do desafio de implantar os Campus Avançados da UFBA após três anos de luta na busca de melhorias do ensino público no Brasil. Para ele um projeto sério, quer professores capacitados. Tive vontade no momento de pedir a palavra e dizer: “obrigado professor, você é mais um entre poucos com essa visão” Mas não falo em público, bem que goistaria de ter esse dom.

Mais uma realização. Revejo José Carlos Rego (Pinduca) que na música embala a todos nós para as reflexões das histórias contadas em sala de aula, dos brinquedos e brincar. Roseli diz com entusiamo, que está feliz de ver o sonho florir nos caminhos difíceis, mas recompensados. Na voz do professor Luciano Bonfim, o pensar do educar. “Educar não é subestimar, é incentivar o pensar” “Pensar a didática, não basta conhecer os teóricos, mas que nós saibamos sim, os conhecimentos.

As memórias fluem a cada oficina, a cada grupo de estudos. A vontade de ler os teóricos e confrontar com as minhas idéias crescia. Inicio uma jornada de leituras -Hernández, Nibo Ribeira, Celso Vasconcelos, Luckesi, Libâneo, Paulo Freire e muitos outros. Às vezes bem interpretados, outras meio confusas, outras por fragmentos. As mudanças aconteciam a cada experiência educativa.

Não li só livros teóricos. Li livros literários - Dom Quixote, O codigo da Vinci O Homem que Calculava, Quase Tudo de Danuza Leão e outros tantos.

O mais difícil estava o meu ingresso na comunicação tecnológica. Tudo era novo e complicado, longe do meu alcance. Os caminhos a percorrer eram quase impossíveis ao meu ver. A professora Bonilla não pensava como eu. Conduzia à inclusão digital. É fascínio reviver e comparar minha evolução com o meio tecnológic, o computador. A tela era um enigma, o mouse, uma marcha sem direção. Esse mundo era desconhecido! Era incredibilidade!

No Projeto Irecê a tecnologia das informações já estava inclusa.

31 de janeiro de 2004. A fala soa calma e suave, porém firme nas suas decisões. Decisões compartilhada. È Maria Bonilla! Tenho razões para euforia ao falar dela. Ela sabe disso. Fiz para ela uma homangem poética. Descobri essa tendência que estava escondida dentro de minha mente. (nexo 4)

O assunto nesse dia é Ambiente de Rede, Linguagem com o conceito - Formação de Professores na educação de massa. Afirma Bonilla

A questão chave para se desenvolver um bom trabalho, é necessario ter boas condições, a informática de qualidade. Essa teremos de reivindicar para sanar as deficiências, já que nos adultos, essa interação em relação à máquima é muito mais difícil [...] e o que nós professores temos a fazer, é poder mudar com o tempo essa formação. ( BONILLA, 2004)



Nunca imaginaria que pudesse ter meu próprio micro - computador. E hoje eu tenho.

Agradeço ao meu curso de Licenciatura em Pedagogia, e em maior parte, a ela. É através dele que enriqueço minha prática de vida pessoal e profissional. Conheci gente, troco idéias, aumento meu ciclo de amizades, produzo conhecimento. Conheci até o Rio de Janeiro! Lugar do cenário do livro “Quase tudo” de Danuza Leão que apresentei no Sarau com o tema “ Leia Brasil.” Sarau, uma idéia das coordenadoras e orientadoras do Curso. Louvei a idéia. Foi ali que vi, ouvi, e participei de uma produção poética minha “Danuza Simplesmente” um resumo do livro apresentado no Sarau. (anexo 5)

Não posso deixar passar em branco o depoimento de Renato Machado, sim, ele mesmo, o terceiro marido de Danuza Leão, a mesma autora do livro “Quase tudo”. Renato Machado, o jornalista e apresentador do programa Jornal do Basil na emissora Rede Globo de Televisão. E tudo ocorreu virtualmente. O mérito não foi somente meu, houve a intervenção do meu amigo Francisco José. Francisco José, eu o conheci na internet. Na comunidade Orkut. Ele gostou do meu perfil. Ficamos amigos virtuais.

Não vou esquecer esse epsódio marcante em minha vida, entre tantos.

Certa dessa realidade aqui dialogo com Bonilla:

As comunidades virtuais organizam-se utilizando sistemas de comunicação telemáticos sobre uma base de afinidades, ou seja, os membros se reúne por possuirem interessese/ou problemas comuns [...] Mesmo “não presentes” - sem lugar de referência estável [...] a comunidade está repleta de paixôes e projetos, de conflitos e amizades, fazendo surgir interações sociais. (BONILLA, 2005, p.133 apud LÉVI, 1996, p. 12)


O mundo virtual ao meu ver é mais um caminho que me levou a busca e concretização de fatos e dados de um mundo real. È uma soma!


12 - Momentos e marcas


No dia 6 de outubro de 2006, recebo um telefonema do meu amigo não mais virtual, já nos vimos em outras vezes. A história é longa, não dá pra contar aqui. Meu amigo no telefone me pergunta se quero conhecer o Rio de Janeiro. Mas como? Não tenho condições. Com salário de professora não dava nem pra ir ao Rio Verde aqui pertinho. Era meu sonho conhecer um dia o Rio, digo a ele. Mas só a resposta era importante, ele me dizia. Arrumo a bagagem e sigo viagem.

Dia 15 de outubro de 2006. Conheço o “ Centro Luíz Gonzaga”. Antiga feira de São Cristovão. Estou no Rio de Janeiro. Fotografei tudo. Que pena! Me roubaram a máquina fotográfica. Francisco José me contava tudo. Lá são 700 barracas com várias modalidades da cultura nordestina: culinária típica, artesanato, bandas de forró, cantores e poetas, repente e literatura de cordel. Lembrei dos meus tempos de criança. Tempos que ouvia a Literatura de Cordel.


2 - Centro Luiz Gonzaga de Tradições Noredestinas (20/09/2003 )


Encontrei lá uma barraca de livros usados. Comprei alguns. Um deles foi “A Epopéia Americana” de James Truslow Adams, primeira tradução da versão original no Brasil feita por Monteiro Lobato em 1940. Não li ainda.

E pensar que um dia tive vontade de desistir do meu curso! E cheguei a desistir mesmo, mas não pelo curso. Acarretamento de difíceis problemas familiares. Estava sendo difícil.

Entre outros obstaculos nessa mesma época, Minha filha mais velha, recentemente mãe sem preparação nenhuma, adoece. O diagnástico não é dos mais esperançosos. È necessario a retirada de um rim. São coisas da vida.

Pedro Lucas é lindo! E eu que sofri tanto a espera dele! Segundo os pediatras, o que me restava era rezar, o feto teria sido atingido, devido a vacina contra a rubéola que ela tomara grávida. E eu rezei pra caramba! Hoje são tantas as explicações médicas para justificar a normalidade dele. Pedro Lucas faz parte da minha história de vó estudante, e compartilho com ele meu aprendizado.


3- Pedro Lucas 20/ 01/ 2006

Não iria suportar. Durante esse tempo fora do meu curso, como ele me fazia falta! As aulas não estavam elaboradas como dantes! Precisava de ajuda. Mais pedir ajuda a quem? Procurara reposta nos livros e em alguns encontrei. Cito um “Você, A Alma do Negócio” (SHINYASHIKI, Roberto, 2001).

Peço para me aceitar de volta. Soraya me acolhe e junto com ela minhas colegas. Continuo. Agora com consciência de como encontrar as trilhas dos verdadeiros conhecimentos. As idéias ficam mais fáceis de se ordenarem, pensava eu.

Preciso completar a carga horária que está em déficit. Escolho quatro Geacs (Grupo de Estudos Acadêmicos). No meu avaliar só mudaria o nome - invenção dos coordenadores e professores. Que nada! Tudo era diferente. Os caminhos eram vários a serem traçados - reuniões, encontros, debates, leituras discussões.

Perdia - me às vezes, outras me situava, angustiava - me, eram muitos os links.

A professora Luiza me indica um caminho - A pesquisa como Ato Formativo. Descontrói a ideia que tinha de pesquisa científica Ela trazia idéias contrárias à nossa prática educativa. A idéia de que só os grandes intelectuais eram capazes desse ato.

Vêm em minha mente a fala de Márcea Sales “Vocês estão pegando carona no buzu que está andando” Ela estava certa. Essa colocação foi após um grupo de cursistas apresentarem um plano de aula simulado sobre o espaço UFBA, em que todos falavam a mesma coisa “levantamentos dos conhecimentos prévios” Ela quis me dizer que estava nas mesmices de 1998. Ano dos ensinamentos do AVANTE. Sair dali com a pulga atrás da orelha. Precisava rever esse pensar.

Márcea Sales era maior professora e doutora do curso. Imagine a idéia que tive dela! Quando ela entrou, cabeça erguida, peito estufado, quase 1.80m. de altura.

Pensei: “Essa deve ser uma mauricinha intelectual“

Nos seus atos, me dá a resposta. Primeiro sorri. Mais tarde come ali mesmo um “samduba” que Agnaldo lhe levara.

Márcea tinha mania de não dar respostas, aliás, isso virou epidemia boa nesses três anos, somente perguntas. Despertou em mim o interesse de querer saber, me situar. O assunto me interessava. O livro não chegava a tempo. Vou buscar na Internet. Leio textos e mais textos. Consegui o livro “A Vida dos Grandes Brasileiros - Gonçalves Dias” (COSTA, 2001). Era para enriquecer o assunto do Geac ministrado por ela “Voz do autor” Nas madrugadas frias leio, mergulho na história bibliográfica. Fico sabendo que Gonçalves Dias, brasileiro, nasceu em Caxias do Sul - Maranhão na época da resistência portuguesa no meio do mato, filho de Vicência criada e amante do pai. O pai despede a mãe. Casa com outra mulher. A vida de criança não muito estruturada. O pai português não dava amor, mas oferecia chance de estudar fora. É levado para Coimbra em Lisboa. Gostava de ler.

O currículo é brilhante: dominava oito línguas, seu hobby preferido era escrever. Escrevia contos, poemas, romances. Neles demonstrava os sentimentos de paixão, perda, principalmente a saudade de sua terra natal.

Começo a entender seus poemas. Li com outros olhos o poema “Canção do Exílio” que tinha bordado em um vestido quando criança.

Ao voltar para o Brasi, Gonçalves Dias escreve a Teófilo seu amigo, tem o pressentimento que vai morrer sem chegar a Caxias do Sul :

“Não permita Deus que eu morra,

Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores

Que não encontro eu cá;

Sem qu’inda aviste as palmeiras,

Onde canta o sabiá...”

Gonçalves Dias



Entendo o porque do Geac “A Voz do Autor”. Cada autoria tem sua singularidade. E a história cultural de Gonçalves Dias era povoada por leituras, aprendizado incessante através de outros autores. E conseqüentemente povoar mais vozes, como é o meu caso com essa leitura.

Em uma duração de duas horas e meia, meu entusiasmo morre. E com ele meus 51 pontos! Os preciosos pontos para completar minha carga horária que estva em déficit, em conseqüência da minha desistência no Ciclo Dois. Pra fazer valer meu esforço sento na máquina fria pra concluir minha leitura durante o tempo que me resta pro banho, e voltar correndo para o último encontro com Márcea. Adormeço ali mesmo. O cansaço falou mais alto. Acordo atordoada com a chamada do telefone yahoo Messenger. Era Fabiano a pedido de Aroldo que me avisasse. Tarde demais. Desepero-me. O que fazer?

Falo com ela amanhã. Vou ser sincera. Vai me entender.

Após a palestra com Marcelo com o tema “O Público e o Privado” especificamente o que é justo e injusto, encorajei – me, e falei com Márcea. A imagem que faço dela é contrária a de antes. Percebo que apesar do jeito durão e o tamanho, é uma pessoa sensível e brincalhona, e sabe distinguir o poder do saber. Mas, nesse momento foi implacável e diz - infelizmente nada posso fazer. A fala corta misturada com a vontade de chorar. Questionei - è justo tanto estudo, tanta reflexão e tudo se perder numa duração tão curta?

Na memória, pensamentos vêm - O importante é que entendi a tese “A voz do autor”.

Agora estou em outro contexto e no mesmo espaço. Meu encontro é com Professora Rita! Ela é tida como miss dentre os cursistas. Com seus requisitos corporais. Sem falar do seu sorriso!

O assunto era “Políticas Públicas.” Faz-me ater para o assunto, não muito confiante, mas certa de que entender das leis que me rege é siginificante para o trilhar da minha carreira de docente e discente.

Grande é minha frustação com os paradígmas leis/cumprimentos.

Nessas horas vem à mente um cartaz exposto na parede da escola. Estava escrito com letras bem destacadas, e as gravuras convidativas de frutas e verduras, que dizia “ Merenda Escolar de Qualidade” Ao tirar os olhos do papel meu olhar é outro, é a relidade estampada na minha frente - crianças sentadinhas no chão com um prato de cuscuz seco com suco, a água com certeza não era filtrada.


13 -Decepção e Informação


Saber interpretar leis é importante num país de tantos engabeladores e pouco os que não se deixam engabelar.

Li os textos e várias colocações indicadas por ela. Alertar-me para ficar mais atenta ao financiamento público.

São tantas as informações num curto período de tempo! Sobre a lei maior do magistério fico sabendo mais: foi implantada em 1º de janeiro de 1998, o FUNDEF, que diz no Título IV no art. 62 - os docentes para atuar na educação básica far-se - á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, oferecida em nível médio, na modalidade Normal. A lei está clara, o que não estava muito claro era meu conhecimento.

A ficha começa a cair. Éra compreensível a migalha que nos restam como professores. E me perguntva: até que ponto vai continuar assim?

Pensei: “Ou eu continuo me inteirando de leis, ou vou contribuir para a sustentabilidade da massa”. Por falar em massa, quem já parou para avaliar o tanto de gente que o professor sustenta?

A escala é imensa. A começar do Ministério de Educação, que por sua vez é guarnecido por outra imensa parcela cheia de idéias, que soma a mais outra, o secretário de estado. Esse se junta com outros tantos intelectos, tudo em prol da educação de qualidade. Só não pensvam na qualidade do professor. Para melhoria significativa, vem a parcela menor, o município que somando a uma outra quantidade de gente, repassa as idéias através dos seus porta vozes, as coordenadoras. Essas me parecem estarem mais a serviço dos dirigentes, do que realmente, a serviço dos professores, sem falar nas prepotências copiadas. Para finalizar entra os intelectos escritores de livros sobre professor. E ainda me dizem : seja criativo professor, seja questionador, crie, improvise, faça a diferença.

O professor improvisa tudo, menos a sua própria fala, a favor de sua própria defesa. E tem mais, o corajoso ou ousado que quebrar essa barrreira, é quebrado antes, fica mal visto. E, tem outra a mais, a família. Essa ataca por todos os lados, tem justificativas para tudo, quando solicitado pra ajudar na educação dos filhos. E, se não se identifica com o professor começa a atacar, são uns verdadeiros atores hollyoodenses na arte de interpretar.

Entristecia - me a minha dependência como profissional de educação em relação a tantos chefes (líderes).

Nos entralaços de memórias, me vêm a monitoria dos Geacs. Mais uma nividade do Curso, Criada a partir do Ciclo Quatro. A estratégia é diferenciada. Agora os cursistas, tem outro suporte para aperfeiçoar os estudos, cria - se a monitoria. Ficou combinado que o grupo de um determinado Geac se reunisse uma vez por semana, ou quinzenal, juntamente com o monitor(a) para socializar as dúvidas e aprendizados de um determinado assunto, e posteriormente, ter o encontro com os professores, que seria num período de um mês. E, a partir dos itens levantados pelo grupo de estudos , eram ampliados e sanados as dúvidas. O Geac de Tecnologia vai mais além, o monitor(a) tem que possuir um domínio maior em relaçáo as tecnologias de informação e comunicação, ou seja, já ter o domínio com a máquina, o computador , visto que as atividades teoria e prática eram paralelas. Após leitura e reflexões de textos, as produções eram via moodle, chats, blogs, e lista de discussão.

Não sei se por ser muito solicitado para sanar as dúvidas em ralção ao manuseio da máquina, ou por destaque de saber mais, sentia no ar a impaciência por partes de alguns monitores. Cheguei a ser taxada de estressante em querer sanar uma dúvida. É de doer. Mas entendo, são stressados e stressantes. Foi aí que pensei e agi certo. Comprar meu micro. Tomei a resolução mais óbvia - tracei minha meta. Fiz um empréstimo através da Caixa Econômica Federal.

O salário de professora não atendia a taxa de desconto para o preço do computador. Pedi ajuda a amigos, donos de Escola de Informática e comprei. E com ele, e através dele fui acertando e errando.

O micro é o meio que enriqueço meu conhecimento. Ele têm facilitado minha vida.

Não diria com isso, que as monitorias não estavam contribuindo, estavam e muito, visto que era um trabalho voluntário, porém, alguns conceitos teriam que serem revistos. E olha que não sou de fazer tais comentários!


Recorte


No dia 15 de outubro de 2006 - Dia do professor. Fui presenteada pela Secretária de Educação do meu municipio - Soraya Pinto, com um livro. Ela tem essa mania boa de presentear com livros. O livro é “Educaçaõ e Cidadania: quem educa o cidadão? (BUFFA & ARROYO & NOSELLA). Abri o livro, dei uma folheada, li alguns tópicos e guardei no meu pequeno acervo. O livro não era pra ser guardado, era pra ser lido. Caia como uma luva para enriquecer o meu olhar crítico. Descubro mais tarde após lê- lo na íntegra.


14 - A Superação


Cada situação da minha vida como cursista no sentido de aprendizagens, é surpreendida com resultados, a exemplo, cito aqui, o resultado de 85% de acerto no provão do ENADE. Ali constatei que não houve necessidade de me prender a manuais de conteúdos específicos a serem estudados, somente para memorizar ou decorar o que não dominava. Fiz a prova com segurança. O que angustiou foi o tempo para tantos questionamentos a serem refletidos, que requeriam mais tempo disponível de leitura. Digo isso porque ainda entro em descontrole emocional com a palavra “prova”.

Quando cheguei em casa para rever não acreditava ter confundido as sete questões marcadas erradas. Um motivo a mais para ir contra esse preconceito. Brigo o tempo todo com a palavra “prova”. Na rede de ensino público de Irecê, um dos instrumentos de avaliação é a prova, que nas suas justificativas, são feitas em dupla, em grupo. Não concordo. Não mudei a palavra, mas mudei o seu significado, é uma estratégia que uso. Digo aos alunos que é o momento deles pensarem sozinhos e registrarem seu pensamento e conhecimento, para que posteriormente, possamos pensar uma maneira de sanar as dúvidas.

Nas minhas memórias de estudante universtária, vivi excelentes momentos nos encontros dos grupos de orientações. Neles eu tive a oportunidade de sanar as dúvidas com a troca de idéias entre os colegas e a orientadora, Exemplifico a sugestão de Ivanete Rocha em relação ao começo do diário do Ciclo Cinco. Ela deu a idéia de fazer o pertil da classe. Alí comprovei como foi bem melhor para sequenciamento tanto, das atividades a serem desenvolvidas em sala de aula, quanto, a sequência do texto “Diário de Ciclo” (anexo 6)

Todas as minhas decisões, às vezes coerentes, outras ainda não, em relação a minha vida profissional, pessoal e de estudante, o primeiro olhar é a credibilidade do meu crescimento.


15 -A escola


Como o quadro da situação da escola que trabalho, mudou! Lá já possui equipamentos modernos. Foi até ampliada, devido a demanda de procura de vagas para crianças de seis anos de idade. Está linda! E eu fui convidada para ministrar mais uma turma desses dois grupos surgidos em agosto de 2006. Trabalhei os dois turnos. Grupos seis e sete. Agora a escola tem uma mini bilbioteca. E os livros estão chegando do FNDE. A escola Bradesco apadrinhando. Sempre que renova a estrutura física, a diretora Maria Helena faz doações. A tecnologia está chegando. O Colegiado melhor aplicado. Não, que não fosse antes, porém, melhor pensado, no que é siginficativo para o desenvolvimento do aluno.

Sinto a mudança acontecer nas escolas municipais de Irecê. A Escola Municipal São Pedro já possui aparelho de DVD, TV, aparelho de som, máquina de xerox, câmara fotográfica digital. Só falta computadores, mas depois do Tabuleiro Digital, já se pensa em um projeto nesse sentido. Oxalá que a idéia não morra.

Sei que não tem milagrosos e nem milagres. O que teve foi gente séria, gente como Nelsom Pretto e todos da sua equipe.

O professor e doutor Nelsom Pretto de Luca geriu e pariu a idéia dos Tabueleiros Digitais.

O Plano Nacional de Educação vem sendo desengavetado. São as Políticas Públicas em andamento.

Certeza tenho eu, de que a diretora da escola onde trabalho, que também faz parte do quando UFBA/FACED/Irecê, já pensa diferente em relação a escola/sociedade.


16 - Os Tempo são Outros


Os tempos são outros. Já se passaram quase três anos! Anos que contriburam para meu crescimentoto intelectual dentro de um pequeno desvio de percurso, o Curso de Licenciatura em Pedagogia. Ele não é advindo de milagres, e sim, de muita luta, e acima de tudo seriedade, e fazendo se fazer séria as leis que o regem.

Me bateu uma saudade antecipada, todas as falas se parecem entralaçarem na minha mente. As vozes dos meus mestres, das orientadoras, coordenadoras, dos colegas.

Mente que aprendeu a exercitar o pensar, muitas vezes com o cansaço dominando o corpo. Corpo de um dia de trabalho excessivo. Mas que, com uma euforia tamanha me dirigia ao Espaço UFBA/Irecê. A UFBA que um certo tempo na minha adolescência pensava em trilhar seu salões com um diploma de psicóloga. Não deu. Hoje na mesma Universidade que sonhara antes, vou com a mesma euforia receber um diploma, não de piscóloga, mas sim, de pedagoga, se não completo, mas com um bom trilho da estrada andada.

Continuarei minha história de vida, agora mais enriquecida, se não na presença, mas na memória, E memória é eterno.

Sem medo dos intelectos chatos, coisas do meu pensar, deixo minhas palavras finais de um recomeço ! De um sonho que virou verdade.


17 - Palavras finais


Contrapondo ao que escrevi de Fernando Pessoa no início da minha história no Programa de Formação para Professores” Digo como autora:

“Felizes daqueles que tenham

Os mesmos ensinamentos que eu,

Não para despir-me do que aprendi,

Mais para investir no que aprendo

E nunca me esquecer do modo

De lembrar como me ensinaram.”

Vera Lucia Vasconcelos

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APÊNDICE Reflexão dos Diários de Ciclo



Apresentação



A elaboração de diários contribui para que os professores se transformam investigadores de si próprios como narradores e posteriormente como analistas críticos dos registros que elaboram.

Maria Helena Santos Silva



Os diários apresentam em formas diferenciadas, cada qual no seu tempo e espaço, atendendo as necessidades e funcionalidades da escrita singular, ou seja, o “Eu” englobando as situações num espaço de tempo vivido e experimentado com o “todo”.

Posso escrever diários nas três dimensões a seguir: Diário de bordo - um relato de uma viagem a bordo, onde se descreve todas as visões de fatos e dados durante a viagem; Diário de vida comum - os que têm a finalidade de nos fazer viver o dia a dia do outro, como se estivéssemos ali participando de um mundo tão outro, descrito de forma fidedgna; o diário reflexivo - em que não apenas narro sobre o objeto, como sobre mim mesma, como profissional, como pessoa, me permitindo refletir sobre a teoria que subsidia minha prática pedagógica. E posteriormente, sobre a prática subsidiada. Por esse motivo deixo em registro as reflexões a cerca dos Diários de Ciclo, desde o início do Curso em Licenciatura em Pedagogia até a presente data.

Vera Lúcia Vasconcelos Pereira






Baseado nas orientações que obtive sobre diários para escrever o meu primeiro, foi uma ampliação do que já conhecia sobre o mesmo. Fazer anotações dos acontecimentos ou feitos, a partir de uma data em dias, semanas ou mês que tiveram significância para minha vida pessoal e profissional.

Não me recordo de orientações mais específicas em relação a reflexões, embora hoje, relendo o Projeto Irecê, em que está escrito - o Diário de Ciclo é uma das atividades de registro e produção inclusa nas atividades curriculares do Curso de Licenciatura em Pedagogia dos professores da Rede Municipal de Irecê pela UFBA, e tem como funcionalidade o relato de impressões e avaliações, ao longo do Ciclo, percebo que a minha primeira produção escrita, apresenta em forma descritiva. Essa estratégia foi válida, partindo da comprovação que não estava apta a gerir esse tipo de escrita. Acredito que por esse motivo, o incentivo maior, foi o de escrever o diário.

Fazendo um paralelo hoje, o diário do Ciclo Um, embora não seja reflexivo, e sim, descritivo, é uma fonte riquíssima de anotações, informações de acontecimentos presenciados na época.

Nele registro passo a passo os acontecimentos, expectativas, os sentimentos de dúvidas, anseios, medo, incertezas, descrença, entusiasmo, vontades e sonhos.

Ao lê-lo descubro a importância como fonte de pesquisa, porque ali, estão anotados lugares, falas de professores, doutores e doutorandos da UFBA/FACED. Confesso, é o meu diário predileto. Leio para reviver na memória, os momentos vividos no início do meu ingresso na Faculdade. O registro do primeiro diário faltou muitos requisitos para reflexões das ações teórico/prático/pedagógico.

Inicia-se uma maratona de aprendizado compartilhado nos encontros com a orientadora Soraya Pinto, a parti do segundo ciclo, com o tema - Reflexão sobre a reflexão da ação, já para se pensar nas atividades direcionadas a prática educativa.

Constato que não vinha fazendo um paralelo da teoria com a prática de aula, nem relacionando às atividades ministradas no curso.

Continuava a descrevê-las, embora já planejasse com esse olhar.

Uma atividade ministrada por Inêz Carvalho com o tema “Conhecimento ao longo da história em que ela propõs a linguagem escrita e a linguagem fílmica - Nós aqui estamos...um retrato do século XX de Marcelo Masagão, com as estretégia de descrever cenas do filme, através das palavras dadas, lembro que teve uma repercussão significativa na sala de aula, quando adaptei ao grupo de crianças de nove anos de idade - 3ª série do ensino fundamental, como estratégia em umas das atividades do projeto “Contos Clássicos” com o filme e o texto “Branca de Neve” dos Irmãos Grimm. Não fiz esse relato.

Como uma luz surge Roberto Sidnei abordando a psicanálise.

Uma frase entre tantas outras citadas por ele, uma me chama atenção “mesmo nas ações que não lembramos, elas ficam no consciente, continuam ativas, e afetam no futuro” (MACEDO, 2002)

As falhas da minha escrita sem reflexão, são advindas de uma escolaridade passada em que só existiam cópias. E os meus diários contribuíram para esse crescimento, resultado, tanto dos encontros com orientadoras, quanto das oficinas desenvolvidas pelos professores.

Já começo a compreender que são necessárias as reflexões e embasamentos teóricos, e de fato, tem que ocorrer o repensar da prática pedagógica. Nesse caso foi necessário que eu lesse. E timidamente fui recorrendo a algumas citações do Curso.

O primeiro passo, foi voltar a ler o diário anterior que me fez buscar outras povoações.

Começo a ler Zabalza que diz “os dilemas fazem parte da vida cotidiana nas salas de aula e, ao mesmo tempo podem construir um espaço de aprendizagem profissional” (ZABALZA, 2004, p.7)

Entendo com esse dizer, que o registro no diário não era somente descrever uma atividade significativa, mas também analisar se condizia com sua realidade em sala de aula, ou a partir de uma orientação, usar estratégias de enriquecimento no planejamento.

Sintia a cada registro, uma angústia tamanha.

Uma atividade ministrada por Cláudio Orlando - Narrativas e Tendências Pedagógicas ajuda a minha compreensão da fala de Zabalza, quando ele afirma “é imprescindível que o professor saiba de fato, o que as teorias e métodos de ensino trazem de bom, e que podem ser mudados, adaptados ou até abolidos” (ORLANDO, Cláudio, 2004)

Ele falava junto com Paulo Freire, ora ou outra fazia uma citação “A prática docente crítica, implicante do pensar certo, envolve o movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer” (ORLANDO, 2005 apud FREIRE, 2002, p. 43).

Tomei coragem e mais consciente, levantei os conhecimentos e curiosidades das crianças em relação às três matérias do currículo escolar. Fiquei feliz e ao mesmo tempo assustada, e com enorme dúvida diante dos resultados.

O que comprovei foi a espontaneidade dos alunos e alunas de nove anos de idade, que além de falarem o que já sabiam, disseram o que queriam saber. E minha inquietação era motivo justo. Não seria correto, não encaixar no plano de curso levantado pela equipe de professores e coordenadores na semana pedagógica, os conteúdos levantados com as crianças.

Pensei em várias maneiras de encaixar a seqüência de conteúdos levantados por elas, no plano de curso. Retomei o plano em rascunho e adaptei a realidade da turma, e junto com eles fizemos a votação em sala, dos assuntos mais significativos no momento.

Nessa época estava anunciando em todos os meios de comunicação - O Tisunami. Ficou combinado em votação em Ciências Naturais estudarmos, além do maremoto, Vulcanismo.

Confesso que aceitei o desafio com certo receio, pois além de ser um assunto complexo, teria que bolar estratégia de trabalhar de acordo com a faixa de desenvolvimento dos alunos. Com essa teoria comprovei que, com orientação e muito estudo, todo professor é capaz. E o estudo exigiu de mim duas leituras: a pesquisa sobre o assunto, e o que estava sendo desenvolvido nas atividades do CicloTrês. O estudo sobre Vulcanismo adentrou o segundo bimestre. Na atividade “Geografia e Paisagem” com Hemult, aproveito e peço ajuda. Não tenho uma resposta positiva. Ele acreditava que não era necessário trabalhar o assunto, só porque surgiu na sala. Eu discordei e seguir em frente, era curiosidade das crianças, porque não ensinar e aprender junto com eles? Ia anotando passo a paso no meu diário, ele se tornou meu confidente, não só de anotações, mas de reflexões também.

Eu não disse a ele como foi o surgimento, talvez se dissesse teria me ajudado. Descubro que ainda estou falha em relação as tendências pedagógicas. Preciso buscar mais dados.

Embora refletindo sempre o que me disse Cláudio Orlando, o meu diário de registro prático/teórico/reflexivo no Ciclo Quatro, aos olhos da avaliadora, o texto estava desconectado. Nessa hora o constrangimento veio em primeiro lugar.

A observação de Marcea Sales me fez constatar que as observações a mim inferidas em parte eram verídicas. Não me ative para paragrafação e pontuação.

“Usar a língua, tanto na modalidade oral, como na escrita, é encontrar o ponto de equilíbrio entre dois eixos: o da adequabilidade e aceitabilidade”. (BAGNO, 2006, 129!) No Diário do Ciclo Quatro, não houve nem uma, nem outra. Ela contribuiu para meu olhar auto – crítco, que me fez recorrer aos livros, e tentar sanar os desacertos.

Percebi que realmente o relato reflexivo não condizia com minha prática em sala de aula, porque quando a mesma disse que as minhas idéias eram boas, eu não concordei, não foram só idéias, houve realmente a prática. Faltou realmente a conexão para Marcea entender, o que eu relatava em registro, tinha uma veracidade.

Em conseqüência dessa observação, retomei as orientações do professor Tico Serpa na oficina “Oralidade e Escrita.” Ele me faz entender que não há dicotomia na língua falada e escrita, mas requer certos requisitos para facilitar o entendimento do leitor.

Com esse entendimento, foi necessário conhecer os conceitos gramaticais, não de forma isolada, porém dentro de um contexto, ou seja, não ver a gramática como verdade absoluta, mas como enriquecimento da escrita. Meu conceito é de que vou continuar a consultá -la assim que houver necessidade. E vai haver sempre.

Nessa linha de pensar a estrutura do texto vou de encontro com o que disse Luiz Antonio Marcuschi:



Como lidamos com materiais orais e escritos, há uma distinção interessante a ser feita entre a atividade de retextualização e a de transcrição. Transcrever a fala é passar um texto de sua realização sonora para a forma gráfica com base numa série de procedimentos convencionalizados. Naturalmente nesse caminho há uma série de operações e decisões que conduzem a mudanças relevantes que não podem ser ignoradas. (MARCUSCHI, 2001, p.49)



Com essa reflexão e o conhecimento adquirido no decorrer do Ciclo Cinco, adaptei nas aulas práticas algumas atividades que de fato, tiveram um significado condizente com a realidade de sala de aula, porém, com um olhar mais crítico em relação a minha produção escrita nos momentos dos registros.

Abro aqui um espaço para incluir uma outra atividade ministrada por Josias, professor de teatro da UFBA no do Ciclo Seis, que contribuiu para pensar minha prática educativa.

Apesar de não ser mais uma atividade de registro no diário para avaliação, continuo fazendo os meus registro reflexivos das aulas práticas.

Pensando no que me disse o professor Josias na oficina “Políticas Públicas” com o tema - Conceitos e Cultura, “cultura é uma dinâmica, não é definitiva, e sempre há modificações” (PIRES, Josias, 2006), aceitei o convite da diretora da escola Maria de Fátima Coitinho e desenvolvi em parceria com as estagiárias da UNEB (Universidade do Estado da Bahia) o projeto Cantigas de roda: cultura, tradição e ludicidade . Esse projeto já veio elaborado por elas junto a sua coordenadora de estágio, restando a mim, como professora regente, algumas sugestões. Não interferi na produção escrita, por ter ciência que não era papel de minha responsabilidade. Somei às minhas aulas diárias. Esse trabalho será anexado em Cd com o projeto na íntegra, registro em fotos das brincadeiras no espaço escolar, como também minha análise reflexiva sobre o mesmo. (anexo em cd)

Uma outra atividade desenvolvida durante todo o curso, e que teve um significado grandioso, foi o GEAC de Tecnologia com a professora e doutora Maria Helena Bonilla.

Pude perceber através do registro nos diários o quão tem sido meu crescimento, tanto como cursista, quanto educadora. (anexo)

Embora sendo meta prioritária, a inserção aos meios tecnológicos, um deles o computador, ainda não faz parte da realidade da escola. Mesmo com pessoas tão compromissadas com a melhoria do ensino público, e os professores cursistas mais conscientes da importância desse recurso, precisa-se, pensar na ampliação do Tabuleiro Digital (TD) e levar para dentro das escolas.

Essa é uma idéia baseado no que comprovei. As crianças são atraídas pela informática. Isso me fez ser fiel a esse Geac desde seu início até o final.

O Tabuleiro foi o ponta pé inicial, mas não dá conta de atender todas as escolas num período curto de tempo, embora tenha sido um grande incentivo à inclusão digital, visto que, mesmo sem poder possuir o computador, e nem nunca ter tido acesso, as crianças demonstram intimidade com a máquina. Maria Bonilla já falava que: “Como as novas tecnologias possibilitam dá vazão a uma característica própria da juventude, a ação, a atividade, eles não estão mais condicionados a observar apenas, eles querem e podem participar, interagir. (BONILLA, 2005, p. 87)

E digo mais, além de participar, interagir, a aprendizagem se dá de maneira prazerosa e desafiadora. Não falo por teoria. e sim, por experiência.

Desenvolvi projetos e planos de ação com o grupo de alunos de primeira série desde abril a dezembro de 2006. Hoje eles já têm o blog coletivo e individual- http://brilhodoamor.zip.net - http://mirelecedro8.zip.net - http://sala04.zip.net, e-mail.

Algumas famílias compraram computadores.


Desse grupo de 27 crianças, cinco já possui em casa seu micro. Outros têm promessas de parentes que moram distantes. Várias mães se interessaram em acessar o blog pra ver as produções dos seus filhos. Outras estão ingressando através de escolas ou do Tabuleiro Digital.

Com certeza todo esse resultado vem se dando através dos relatos que seus filhos fazem em casa quando vão ao TD (Tabuleiro Digital)

Tem seu lado negativo. Não me sinto apta a romper totalmente com o sistema burocrático, apesar de não abaixar a cabeça, diante do “não” e “mas”. Nesse sentido sinto que tenho que remar contra a correnteza, e outra vez Bonilla reforça minha tese quando me diz “a escola necessita, é estar aberta para perceber essas perspectiva indicadas pelos jovens.” (BONILLA, 2005, p. 89)

Atribuo esse pensar as portas que me foram abertas, a vara que me deram para pescar. O meu caminho foi árduo, e ao mesmo tempo, cheio de luz. E sei que muitos caminhos, irei eu iluminar.


Aos os mestres

Na incerteza e esperança

Nos sonhos e acordar

Nos encontros e desencontros

Nos acertos e desacertos

Na dúvida e procura

Na angústia e conquista

No medo e coragem

Na alegria e tristeza

Na encanto e desencanto

Na timidez e expressão

No lembrar e esquecer

No cansaço e luta

No olhar e não enxergar

No ler e não entender

Na fala calada e angustiada

Na alegria e euforia

Vocês estiveram presentes

Pacientes e cientes,

Intransigentes, às vezes.

E acreditaram

Com saudade e um aperto no peito

Obrigado(a),

Vera Lúcia Vasconcelos




Referências



BAGNO,Marcos . Preconceito Linguístico; o que é, como se faz.42.ed. ed. Loyola. São paulo, 1999.

BONILLA, Maria Helena Silveira.Escola Aprendente: para além da informação. Cibercultura e Educaçao. São Paulo, 2005.

FREIRE, Paulo.Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 21.ed. edPaz e Terra. São Paulo, 2002.

NÓS QUE AQUI ESTAMOS, por vós esperamos. Produção de Marcelo Masagão. São Paulo. BRASIL/BRAZIL, 1998. 1. videocassete (73 min) VHS, cor, 35MM






ANEXO 1 - Poema



Escola - Sonho ou pesadelo?


Entrada do séc. XXI.
Estrutura de presídio
Paredes ao quadrado,

ao retângulo, sombrias.
Mantém o exílio, talvez o suplício.
A utopia
Cadeiras das dores
Ditadores, demagogos
Omissos aos terrores
Merenda escolar de qualidade
Das vergonhas, desfaçatez.
Era da modernização,
Quem diria! É verdade?
Quadro - giz a toda prova
Mimeógrafo a álcool
Com defeito às vezes da maioria
Antena instalada sem uso
Vídeo e aparelho de TV velhos
Encostados num canto
Computador doado,

que sorte! Que alegria!
Professores maus pagos
E apontados, felizes...
Ao sorriso de seus dirigentes,

profetizastes.
Outro à imagem do nosso senhor descalabro.

Fala, inventa, tenta
Se atormenta, se afugenta
Nas mentiras dos seus saberes sem prática
Não pratica o que fala
O que diz, o que escreve
Até que tenta, a mercê
Dos trezentinhos

ora aos olhos
De alguns, não tão mal assim.
Subscreve.
Não me critique, critique a si mesmo.
Também não me aplaudam

Aplausos merecemos,
Quando a nós permitimos o direito.
Direito de nos aplaudirmos.
Somos autônomos e críticos?
Ouvi um dia que não
Precisamos ser? Para quê?
Bastamos a nós falarmos.
Encantei - me com a colocação
Que emoção!
Pus a mão no coração
E contive a raiva
Somente dentro do peito

Ali me lembrei
Tinha trezentinhos,
[Em jogo]
No corre mão da desilusão.
São direitos!São deveres!
É burocracia?
Deixemos fluir a teoria
Ou calamos a democracia
Se assim seja,
Amém! (Vera lucia vasconcelos)


ANEXO 2 Poema em homenagem a Lícia



O Bailar Das Palvras

Chega Lícia

Ar risonho, jeito humilde

Admirada? Não sabia.

Faz uso da palavra

Escrita, falada, acatada

Cativa, aprecia...

Palavras graciosas, reflexivas

Ressoam

O grupo cansado acorda

O dia foi árduo!

Lícia traz o reânimo

Traz consigo cantores, atores,

Artistas

Cantando, falando

Que cantam e encantam.

O público apático reage

Faz parte de seu show.

Alguns dançam, outros curtem

Calados na fala.

Lícia provoca, pergunta

A voz não sai, mas entra na dança

Ajuda a cantar.

Lícia brinca com nomes

Que marcam, demarcam, registram.

O ambiente sem desiguladade

Lícia voa, revoa, faz voar

Palavras, fatos, relatos

Apresenta pessoas;

Neruda, Bartolomeu, gil - brio.

Veríssimo, Foucombert, Maurício, ofício

Palavras sábias, e louva!

Louva a coragem, confiança,

interesses, vontades.

Louva idéias escritas, faladas

Cantadas.

Lícia ciente avança

Explana na voz e na escrita

Desafia, tece, desata nós

sem sensura

Instiga o grupo à fala

Calada ,medrosa, presa

Dá receitas de recheios

Receitas de sons simultâneos

Dos brios, dos saberes.

Outros convidados reforça

Fala com ela e atrvés dela,

Poderosas sábias palavras!

Interage o público

Dessa vez mais solto

Ressoam nas falas, a escrita

Com brilho, paixão,

Atenção.

Fisionomias agora sem cansaço

Em conto de fadas surgem.

Os cantos que encantam, dançam

Num contexto aconchegante.

Se abraçam, entrelaçam,

Tropeçam , levantam, cantam.

Comandam escrita das idéias,

Escritas testemunham falas.

Outdoor, panfletos, convites

Propagam, animam, convidam

É uma tentação!

As palavras mexem, remexem, renascem,

Os jornais, revistas noticiam.

A festa é de arromba!

-Som na caixa mané!

A banda toca, todos dançam

Cantam e encantam

Com palavras em concertos excertos!

(Vera vasconcelos)





ANEXO 03 - Projeto e desenvolvimento - Cidadão em Ação - 01




Percebi na leitura do livro “Organização do Currículo por Projetos” (HERNANDEZ, 1998,---- ) que o autor deixa bem claro o papel do professor como protagonista. Segundo ele:



Se aquele que ensina não assume que é ele quem primeiro deve mudar sua visão profissional sobre o que é globalizar, sua forma de relacionar - se com a informação para transformá - la em saber compartilhado, dificilmente poderá viver o que seja definitivamente uma experiência de conhecimento ( HERNANDEZ, Fernando, 1998).



Cada dia que leio, aumenta minha confiança em mediar as provocações com um pouco de sabedoria. A exemplo, do nome do projeto em que tive de fazer várias colocações até chegar a um entendimento do que seja um projeto com perguntas do tipo: Alguém tem idéia do que seja um projeto? Ou projetar algo?

Para facilitar o entendimento questionei: Como uma pessoa age quando quer realizar algo em sua vida? Comprar um carro, por exemplo, com um salário abaixo do preço do carro?

Amadeu - adiantou dizendo - fazer economia.

Ruan - Saber o preço.

Alex - também saber o valor das prestações.

Daí desencadeou várias colocações importantes. Interferi - E para realizar o nosso projeto Cidadão em Ação, já que será encaminhada a direção da escola, e compartilhado com os outros grupos?

Jonas tentou explicar - dizer o que vamos fazer.

Jean - pedi para pintar a sala e forro.

Legal - eu estive pensando também na nossa biblioteca.

Leonardo - Essa aí a gente pede ao prefeito.

Falei: Já tem mais de três anos que elaboramos o projeto, mandamos cartas, pedimos pessoalmente, mais até agora só conseguimos a planta, ou seja, o modelo de construção. É importante continuarmos insistindo. Enquanto a biblioteca não vem, podemos pensar em outras ações possiveis. - Vocês têm outra idéia?

Paloma levanta e vem pertinho de mim e diz - Pró, a gente pode pintar umas esteiras, conseguir um monte de almofadas e colocar os livros em cima para a gente ler. Socializei a idéia e acrescentei a minha. Que tal, começar a organizar nossa sala com cantinhos? Que outros cantiinhos podemos pensar? A sala virou um reboliço só! Surgiram muitas idéias -Da maquiagem, da Arte, dos Aniversariantes. Óbvio que a parti das idéias das crianças, as minhas brotaram também. Já nesse dia pedi um baú velho a diretora que estava encostado num canto para ornamentar com as idéias da turma. Já iniciam as tomadas de decisões - estão trazendo esteiras, almofadas, maquiagem.

Diante dessas tomadas de decisões montamos o plano de ação. No plano de ação, os grupos foram divididos e cada um ficou responsável pela criação do seu cantinho, que sugeri numa aula de Língua Portuguesa para que no lugar da palavra (cantinho) substituisse por outra mais criativa.

O Grupo responsável pelo cantinho da leitura batizou com o nome de (A magia do baú). Esse já está praticamente pronto. Já pintaram as esteiras, arrumaram o baú com minha ajuda. Conseguiram algumas almofadas, tapetes. Produziram os recadinhos para publicar na Internet pedindo gibis, livros . Os outros ficaram bem encaminhados. O da arte batizou com o nome (Passagem da Beleza) E assim os outros - (Correio amigo, Aniversariantes, Chegue Mais Perto) O cantinho da Beleza estava em andamento nas produções das cartas recadinhos para conseguir o espelho, maquiagem ou o penteador usados para ornamentar.

Profª Inez faz a doação de estojos de maquiagem, assim que leu os racadinhos na internet. O correio amigo, eu fiz o avental, em que cada aluno teve sua caixa para receber as correspondências. Enquanto a criatividade para embelezar, ficou a critério do grupo. Só restava a mim dá sugestõs. Como esse era um projeto do ano inteiro e abrangia todas as outras áreas, o que não faltou, foi assunto para meu diário e o deles também.

Na aula seguinte iniciei falando à turma a importância da justificativa, que é dizer o porque do nosso projeto. E para iniciar devemos explicar direitinho o que os Cidadãos em Ação pretende. Será que queremos agir só na sala de aula? Não vou citar aqui em detalhes porque necessitou de muitas intervenções. Mas deixo em registro as várias idéias. Aproveito o embalo e começo a registrar, questionando - Quem gostaria de começar? Fui anotando sempre com consignas e intervenções - Lembre - se que também convidaremos a comunidade escolar para conhecer o nosso projeto depois de pronto. Esperamos ser uma maravilha!

Sem contar que daí surgiram outras ações, como o enriquecimento do plano de ação. Sei que estava sonhando e levando as crianças a sonharem comigo. Precisava de mais gente para me ajudar a não deixar o sonho morrer. Quem estiver lendo deve notar que elaboração e desenrolar do projeto estavam caminhando juntas. Isso porque aula de Filosofia só era uma por semana, e o projeto despertou interesse no grupo. Eu abri links em todas as áreas. Por exemplo- Produção de recadinhos , cartas, e-mil, bilhetes, etc. jogamos em Língua Portuguesa. Para fazer o bolo no final dos bimestres para comemorar os aniversários, entrava matemática e também português, e por aí seguia e não houve necessidade de tirar conteúdos do plano de curso, pois só foi uma maneira de organizar as rotinas do dia a dia, que se não fossem organizadas virariam desordem pessoal. Não concordam comigo?




Escola: Municipal São pedro

Alunos (a): grupo nove (09)

Profª: vera Lúcia Vasconcelos

Diretora: Maria de Fátima Coitinho

Coordenadora: Eurisdene

Projeto: Cidadão em Ação

Matéria; Filosofia

Príodo: anual - 2005



Justificativa




A professora e todos nós do grupo nove (09) pensamos nesse projeto para conhecermos os nossos direitos e deveres como pequenos cidadãos, e poder ajudar na melhoria da escola e sala de aula, e agir no bairro, na cidade com idéias para encontrarmos soluções para ajudarmos as pessoas da comunidade escolar.



Objetivo Geral



Pensar e agir de maneira inteligente para encontrarrmos maneiras de ajudar na melhoria da nossa sala, escola e comunidade. E também nossa maneira de aprender.

Objetivos específicos

Arrumar a sala de aula

Criar e organizar os cantinhos da sala

Lutar por umas carteiras melhores

Organizar visitas a outras escolas

Comemorar os aniversariantes todo final de bimestre

Desenvolver campanhas para conseguir gibis, livros e revistas

Escrever cartas e recadinhos pedindo maquiagem , espelho

Pedir aos pais e amigos esteiras, tapetes e almofadas

Organizar e enfeitar caixas de sapatos para guardar os materiais de uso escolar

Planejar as comemorações feita na escola

Manter correspondência entre colegas, professores e outras escolas.

Plantar os canteirinhos da escola

Expor as atividades de produção no mural informativo

Manter os cantinhos arrumados e em funcionamento



Participação



Alunos e alunas - participando com idéias e ações

Professora - mediando e ajudando no que for possível

Direção - colaborando no andamento do projeto

Pais e comunidade - convidados para conhecer o projeto e participar das atividades escolares.




Atividades



Leituras dárias pela professora e alunos

Seleção de livros, textos, revistas, CD, DVD

Leitura em dupla, individual e coletiva

Produção e revisão de textos

Envios de cartas, e bilhetes

Passeios

Entrevistas

Campanhas comunitárias

Organizaçao de cadernos para anotações de doações e empréstimos de livros e outros materiais




Materiais



Papéis metro, ofício, crepon, laminado, camurça, e de presente

Fita adesiva, tesoura, lápis de cor e grafite

Livros, revistas e jornais

Sacos, retalhos de tecido

Caixas de sapatos, bola de gude, palitos de picolés, e de fósforos

Espelho, mesinha, pentes, escova de cabelo, esmalte, enfeites e maquiagem

Algodão, tinta e pincel

Gravador , microfone

Jogos educativos

Massa de modelar, argila, cola, farinha de trigo, ksuco

Canudos, rolo de papel higiênico, tampinhas de perfume e refrigerantes



Avaliação


Inicial - Quadro Regualdor de Aprendizagem

Durante o projeto - As ações e reflexões

Final - Relatos e depoimentos



Referências

CARDEL, Esmé Raji – Uma Professora Fora de Série: o divertido e inspirador diário do primeiro ano de uma professora numa sla de aula. 2..ed. ed.Sextante. São Paulo, 2004.

HERNÁNDEZ, Fernando . A Organização do Currículo Por Projetos de Trabalho. ed. Artmed, São Paulo;998.

KISHIMOTO, Tiziko Morcida. O jogo e a educação infantil: série A. pré escola. 1.ed.ed.Moderna. São paulo, 2002.

Amostra dos cantinhos e relatos



1- Cantinho da Beleza - projeto - Cidadão em Ação – 2005. Carta de Rafael .3ªsérie



3- Amostra dos Cantinhos – outubro 2005














ANEXO 5 - Projeto Cidadão em Ação - 02 - Desenvolvimento em 2006




Inicio com filosofia, partindo do aprendizado com o Geac dimensões filosóficas com a professora e doutora Roseli de Sá, em que me fez descobrir no estudo, a importância da arte de pensar dos grandes filósofos do século XVIII, que contribuíram ao longo dos anos para as transformações sociais, principalmente na educação, no que diz respeito as teorias e práticas pedagógicas pensadas por muitos teóricos da área, que debulham com sapiência tamanha, métodos e técnicas de como ensinar bem, cabendo a mim, saber analisar qual a teoria é mais adequada para o enriquecimento da minha pratica em sala de aula.


Por isso é fundamental que, na prática da formação docente, o aprendiz de educador assuma que o indispensável pensar certo, não é presente dos deuses nem se acha nos guias de professores que iluminados intelectuais escrevem desde o centro do poder, mas, pelo contrário, o pensar certo que supera o ingênuo tem que ser produzido pelo próprio aprendiz em comunhão com o professor formador (FREIRE, 2002, p. 43)



No intuito de que as crianças pensem sobre o lugar de onde estão inseridas como educandos, lanço o seguinte questionamento:

- O que vocês esperam da escola no sentido de melhorias? Está bom assim? Ou vocês acreditam, seja necessário fazer algo para mudar?

As respostas de crianças de sete anos de idades são diversas:

-Pintar a sala que está suja e feia.

-Pedir pra comprar outras carteiras que essas são duras demais.

-Pintar esse forro

-Fazer uma merenda mais boazinha.

Interfiro: - Pensando que não tem dinheiro no momento, que outra maneira podemos pensar?

- Embelezar a sala.

-Como?

-Botando umas coisas bonitas.

-Que coisas bonitas?

- Cartazes, figuras, letras, almofadas, tapetes.


Intervenho: - O ano passado o grupo nove junto comigo desenvolveu o projeto “Cidadão em Ação” em que criaram os cantinhos, deram nomes, arrumaram, conseguiram livros, maquiagem, inclusive ficou na sala o baú onde ficava o tapete e as almofadas doadas pelas mães.



Bastou essa observação para as idéias aflorarem. A sala virou um zumbido só, todos queriam falar ao mesmo tempo, tive que organizar a fala, pois ali, com certeza iria frutificar idéias interessantes.

- Lariza diz:

-A gente pode conseguir umas maquiagens e colocar no cantinho com o nome Brilho do Amor

-Porque Brilho do Amor?

-Porque a gente fica mais bonita se arrumando.

Uma criança que apresentava bloqueio de memorização acrescenta:

Ali no baú pode ser “Baú dos Sonhos”

-Porque?

Outro responde:


Porque lendo e ouvindo as histórias a gente ver nós lá dentro dos lugares.

Acrescento - Que bom ouvir isso, concordo contigo, não tem coisa melhor do que viajar nas leituras que lemos e ouvimos.

-Era isso mesmo que você queria dizer Rafaela?

-Era pró.


O estudo que vinha fazendo - Memórias Docentes com Márcea Sales me ajuda a enriquecer a aula, pensando sobre: “As memórias que temos do trabalho ao qual dedicamos, das nossas reminiscências da infância, da escola em que estudamos de todas as práticas vividas tem umas validades relativas, históricas, já que são construídas socialmente”.(NUNES, Clarice. 1997)


Cito o exemplo de quando era criança que ficava fascinada com as histórias que meu pai contava nas noites enluaradas na roça, sentados ou deitados nas esteiras.

Vinicius, uma criança que apresentava dificuldade em sequenciar a fala, diz:

-Ali no mural bota um nome grande “Recheio Inteligente” Vejo já o resultado de um trabalho que vinha desenvolvendo com eles, quando nas leituras, sugeria o recheio de palavras que foram significativas, ou não, naquele momento, como já foi citado no texto memorial.

Como no inicio do ano, pedir as mães que mandasse um caixa de sapato ornamentada com a criatividade delas para guardar o material - sucata, palitos de picolé, brinquedos, jogos, cruzadinha móvel e outros materiais que fossem surgindo, um aluno levanta e fala

Pró, ali onde fica as caixinhas pode ser assim: brincando.

-Só brincando?

Salviano - nós aprendemos também contando as bolas-de-gude, as tampinhas, tudinho.

-Então vamos juntar. E ai como fica?

Todos respondem em coro:

-Brincando e Aprendendo.

Pensando em despertar o interesse pela leitura significativa, em outro lugar da sala expus um pedaço de isopor velho ornamentado e começo a publicar recadinhos. Nesse cantinho eu escrevo e digo que ali tem prêmio, mas é preciso ler e seguir as pistas para saber que prêmio é, e onde está. Foi nomeado “Surpresa que eu Gosto”.

Essas idéias tiveram uma contribuição imensa de dois livros que li Uma Professora Muito Maluquinha (ZIRALDO, 1995) e Uma Surpresa Fora de Série: o divertido e inspirador diário do primeiro ano de uma professora numa sala de aula (CARDEL, 2004). Ambos contam a história de uma professora que criava estratégias de leitura na sala de aula para incentivar as crianças a lerem e fazerem descobertas.

Aproveitei o dizer das crianças “embelezando a sala”, para intitular o projetinho em Filosofia, com a participação das mesmas na montagem do plano de ação e tomadas de decisões, no que se refere ao enriquecimento dos cantinhos nomeados por eles.

Essas habilidades de adaptar e criar estratégias de aulas junto com os alunos vem desencadeando uma série de atividades nas áreas de português e matemática como-seqüência numérica, adição, subtração e até divisão e multiplicação, a parti do momento que tem que dividir as tesourinhas, os pincéis e outros materiais em grupo. Em português se trabalha listagens, escrita dos nomes para idenficação das caixas e objetos, como recorte de letras, produção de bilhetes, cartas coletiva pedindo livros e maquiagens, produção de regras e combinados pelo grupo responsável por cada cantinho. Aqui conjugo com Freire quando sabiamente deixou escrito:

Percebe-se a importância do papel do educador, o mérito da paz com que viva a certeza de que faz parte de sua tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos mais também a ensinar a pensar certo”. Só na verdade, quem pensa certo, mesmo que, às vezes, pense errado, é quem pode ensinar a pensar certo “. (FREIRE, 2002)”.

Percebo que essa prática em sala de aula vem ajudando no sentido de respeito mútuo, organização da sala, porque antes faziam ponta de lápis no chão, jogavam folha de caderno, riscavam as paredes, as carteiras eram postas de todo jeito. E hoje, a sala é limplimpa, e realmente muito bonita.

4 – Baú dos Sonhos – intitulado por Lariza – 7 anos - 2006

Relato em grupo - escrita das crianças

EMBELAZANDO A SALA DE AULA

A PRO PERGUNTOU O QUE A GENTE ESPERAVA DA ESCOLA E TODO MUNDO FALOU QUE QUERIA A SALA ARRUMADA DEIXAR A SALA BONITA, CHEIROSA, PINTADA, BUNITA. AI NOIS REUNIMOS EM GRUPO. UM GRUPO DE SEIS PESSOAS E CINCO DE CINCO PESSOAS. PENSAMOS O NOME DOS CANTINHOS. VINICIUS DEU O NOME DE RECHEIO INTELIGENTE PRO MURAL, LARIZA DEU O NOME DE BRILHO DO AMOR NO CANTINHO DA MAQUIAGEM, RAFAELA DEU O NOME DO BAÚ DOS SONHOS PARA O CANTINHO DOS LIVROS, SALVIANO DEU O NOME DE SURPRESA QUE EU GOSTO NO CANTINHO QUE A PRO BOTA OS RECADINHOS QUE A GENTE GANHA PRESENTE SE AGENTE LER O QUE ELA BOTA LÁ, A PRO DEU O NOME DE CIRANDA DOS LIVROS NA SACOLINHA DE LIVROS.

Caíque

Marcos

Vinicius

28/05/2006


5- O cantinho – Brilho do amor - 28/05/2006

4 - Baú dos Sonhos – intitulado por Rafaela - 7 anos

6- cantinho Brincando e aprendendo, 2006 7.

Recheio nteligente - intitulado por Vinicius – 7 anos

8. Cantinho - Surpresa que eu gosto, 2006 9

9-Ciranda dos livros -livros doados pelas mães, 2006



Cantinho dos recadinhos





ANEXO 4 Poema em Homenagem a Bonilla


Bombonilando

Bonila incentiva, instiga
Acata idéias, diverge
O público alheio está
Alheio ás informações
Das virtudes virtuais
Da educação contemporânea
Da comunicação instantânea
É a tal da inclusão e excluídos
Esses terão que incluir.
Mãos ao mouse!
Olho na tela!
Ouvido atento!
Desconcentrou? Bombeou!
-Bonilla! Bonila! Bonila!
Ela rodopia como rodeio da carretilha,
skate, patins, sei lá, é tanta modernização
Bonilla cansada, incrédula, ciente
Segue em frente
Domina
o território e seu povo
Bamboleia. Não perde o jogo
Jogo de cintura, das idéias, da tolerância.
Informa
Está difícil? Que nada!
Só precisa de interação, atenção
Formar comunidades
Mudar sociedades
Quebrar barreiras
Ir além das fronteiras
Conhecer gente de conhecimentos
Diferenciar o não presencial
O sentimento, a imaginação
Abrir janelas, links
Seguir atalhos. Entrar nos chats
Isso é atualização. É especial!
Confirma ela e outros através dela
Bauman,Tõnnies. Lemos, Lévi
Todos do Ciberespaço, novos intelectos
Outras realidades - MUDs, WELL
agregações comunitárias, eletrônica.
Os fins e afins tecnológicos
Hiper textos dos blogs e blogueiros
Como se um formigueiro fosse
No sentido de parceiro
Conecta, expande, convida
Você recua, receia, conceitua
Numa frase momentânea, explode a idéia
Não é fácil, a educação contemporânea.

Ufa! ( vera)




Explicando o título:

Bombom - guloseima com recheios para serem saboreados
Relação com a atividade - bombons - os cursistas

Recheios - ensinamentos de Bonilla
Guloseimas - saboreadas pelos alunos o compartilhar

Bolinar - ato de exprimir o que sabe com prazer




ANEXO 5 Danuza Simplesmente


Itaguaçu, Espírito Santo.

Nasce Danuza, a mulher.

Mulher de vida vivida

De glórias, glamour, tristezas,

Alegrias, romances e dor.

Na família, a estranheza.

O padrão não é comum

Vivendo num lar sem laços,

Sem afagos, sem abraços!

Mulher espetacular!

Extraordinária, mulher!

Enfrentou desafios,

Quebrou preconceitos

De uma época de omissões,

Mulheres sem aptidões.

sem ações.

Seus desejos e ensejos

a passos seguidos,

Mal vistos. erguidos

Quinze anos, a independência.

Aos dezoito é modelo

A primeira, no cenário brasileiro.

Viajou o mundo,

Conheceu castelos.

Viveu os anos dourado

Do bolero à bossa nova

Enfeitiçou olhos,

Delirou paixões.

Conheceu gente, fez amigos:

Do Brasil ao ocidente

Da burguesia à nobreza

Poucos foram os confidentes

Não esqueceu suas raízes

Sua terra, sua gente.

Danuza! Simplesmente, Danuza

Viveu a Ipanema, Copacabana,

A urgia.

Na Bahia a calmaria

ACM descrevia - amigo fiel;

quem diria?

Representa as Marias

Nas suas coragens,

Fraquezas e ousadias.

Foram três casamentos:

Wainer, Antonio e Renato.

Homens intelectuais.

Namorados? Foram vários,

Casos eventuais, banais.

Amigos da Honda, onda:

Amigos de fé camaradas

Vinicius, Di Ccalcanti, Sabino.

Lily, Horácio, e outros tantos.

Defende o amor,

A fidelidade com fervor

Presenciou a ditadura

Contestou com amargura

O Brasil e sua história.

Seus amigos sendo presos

Sendo expulso seu esposo

Filhos sem pátria sem lar.

Setor público fez análise

É um saco! Sem pudor!

O andamento do Brasil

Só para a burguesia.

Para mudar o cenário

Só uma bomba e gritaria:

Chega! Queremos a democracia

Período de trevas se inicia

Jornais, televisão anuncia;

Dores, saudades, amores!

Aqui jaz!

Samuel - seu ex, amigo,

Companheiro.

Jairo seu pai é suicida

Nara irmã, desiludida.

Rumores, temores! É a morte!

Sammuca, filho amado,

Anunciado o acidente, é fatal!

È dor! É saudade! É maldade!

Na correnteza se afoga,

Amordaça.

Revoga, pede socorro!

Vive momentos de terror

Cabeça erguida, testa franzida.

Continua! É a vida!

Um parêntese, ela abre,

Fala da vida escolar

Não aprofunda nos estudos

No colégio não ficou.

Das matérias estudadas,

Só do violão gostou

Aprendeu a ler lendo

E um livro lhe marcou

“O livro dos insultos”

Henri Louis é o autor

Na frase se inspirou

‘Não ensine a criança

Somente a escrever,

Ensine o pensar

E importante saber ler’.

Cinco livros publicou.

De colunista social.

Até cronista virou

Seu destino é traçado

Não caiu com o fracasso

Coração em estilhaço

Com cara de um palhaço,

Retoma sua posição,

Festa, muita trepidação.

Agora com outro olhar

Coração sem palpitar.

Para saber da história

Leia agora Quase tudo

O livro de aventuras

De uma musa brasileira

Que viveu a luxúria,

Decadências e vitórias

Vera Vasconcelos

ANEXO 6 – Perfil de classe

Nesse ano de 2006, retomei a atividade que mais me atrai, que é alfabetizar.Sou integrante do quadro de funcionários da Escola Municipal São Pedro desde 2001. Atualmente estou desenvolvendo um trabalho com crianças de sete anos de idade, uma turma composta inicialmente de 27 alunos. Nas atividades de avaliação diagnóstica das primeiras semanas de aula, constato quatro alunos na fase de escrita que se apresenta em forma de grafismo, ou seja, é mostrada com rabisco sem associação nenhuma de letras e sons.Três delas, já estão no nível alfabético, doze no processo de alfabetização inicial, já sabem que letras são símbolos que representa a escrita e associa algumas delas ao som equivalente a pronúncia. Treze na fase silábico-alfabético. Nessa fase, uma letra corresponde a uma sílaba.

O meu objetivo com a diagnóstica, além de constatar o nível de leitura e escrita, foi também de procurar compreender a diversidade entre conhecimento e comportamento, e procurar meios para o avanço siginificativo da aprendizagem, através de projetos e planos de ação.

Com o levantamento dos conhecimentos de cada um, pude observar que mesmo sem dominar a escrita e leitura, trazem consigo conceitos e curiosidades em relação ao mundo que lhes cercam. Com essa ação, conjugo com Freire quando diz:

Pensar certo coloca ao professor ou, mais amplamente a escola, o dever de não só respeitar os saberes com que os educandos, sobretudo os das classes populares, chegam a ela - saberes socialmente construídos na prática comunitária - mas também, como já ha mais de trinta anos venho sugerindo, discutir com os alunos a razão de ser desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos (FREIRE 2002, P. 33)

Após pontuar essa diversidade com o grupo de alunos de sete anos de idade, sem ter adquirido o hábito de leitura e escrita, venho procurando desenvolver atividades dentro de um projeto, ou planos específicos que atenda, senão individual, mas por grupos a necessidade de aprendizagem de cada um. È árduo, porém vale dizer, que é significativo e menos estressante, pois o planejar se torna mais direcionado e caminha para uma expectativa de buscas e realizações, embora se sabe, que é difícil chegar a um total de cem por cento de aprendizado satisfatório, mesmo porque, as escolas públicas gastam em determinados setores, às vezes sem tanta necessidade, e não se cria estratégia de aulas de apoio a essas crianças que precisam de um maior acompanhamento. E numa sala de vinte e cinco a vinte a vinte e sete alunos fica impossível a realização dessas atividades. Percebo a necessidade de criar estratégias de leitura e escrita, e selecionar material que auxilie nesse desenvolvimento. Confecciono alguns jogos, cruzadinha móvel e o alfabeto móvel para acompanhar, na medida do possível, as crianças que precisam de maior assistência, num cantinho reservado na sala de aula, onde possam ficar mais à vontade, devido as carteiras serem de difícil apoio nesses momentos dos jogos. Sugiro a eles o cantinho da Ciranda dos Livros montado por mim, no intuito de incentivar o gosto pela leitura, ampliar o domínio das letras montadas nos jogos, mesmo sem saber ler convencionalmente, Acredito que com o manuseio, eles apropriem do mundo letrado com mais facilidade. E minha teoria, vem dando certo, a medida que eles vem ler as gravuras e mostrar com entusiasmo as letras do próprio nome num determinado texto. Constato que valeu a pena esse diferencial em sala de aula, pena, que não tenho condições de desenvolver um trabalho desse tipo, todos os dias. Reservo um dia na semana, sempre no início de uma atividade já programada, visando o tempo dedicado a essas crianças.

Observo que o grupo na maioria, está disperso em relação ao falar suas idéias e ouvir a fala do outro, como também nas realizações de tarefas realizadas em grupo. Por esse motivo, sugeri se agruparem por cor das fitinhas que eu dei, e a turma toda não tinham noção do que era agrupamento. O que vi ali, me surpreendeu, todos puseram as cadeiras como poltronas de ônibus. Quanto às produções textuais, são empobrecidas, escrevem o mínimo e demonstram timidez em ler o que escrevem.os dEstou tentando acompanhá-los na medida do possível, com atividades diferenciadas. Resta saber se tenho estrutura para tanto, numa sala com tantas diversidades para a série, já que pela lei, deveriam estar lendo convencionalmente. O que me resta como professora, é não cruzar os braços, e sim, pensar nas ações e reflexões teórico-prático. Com minha força de vontade, e as contribuições do curso de Formação de Professores pela Ufba, minha esperança é que esse trabalho seja proveitoso e significativo. E até o final do ano, tenha conseguido sanar, se não todos os casos, mas plantar a sementinha no pedaço de chão fértil, para que possa fazer essas crianças colherem bons frutos mais adiante.


ANEXO 7 Inclusão digital – projetos, planos de aulas e desevolvimento

Escola : municipal São pedro

Data 12 de junho de 2006

Profªs: Gizélia Barbosa e Vera Lúcia Vasconcelos

Tema: Inclusão Digital

Grupos: 07 e 08 Turno: Vespertino

Período - 30 de abril a 30 de Maio de 2005

Plano de aula-Pé na estrada, rumo ao Tabuleiro Digital


Objetivo Geral


Possibilitar a interação das crianças com a máquina no TD (Tabuleiro Digital)


Justificativa


Refletindo sobre

Da mesma forma que o professor não é mais o transmissor, também não é facilitador termo empregado atualmente na maioria dos projetos de uso de tecnologia em educação, ou seja, aquele que facilita o acesso do aluno às tecnologias para que então na relação com elas, individualmente o aluno construa seu conhecimento”. (BONILLA. 2005, P.188)



Com essa reflexão pensamos juntamente com as crianças levantar idéias e possibilidades de interação com o mico - computador, visto que a eles foi permitido esse direito através do TD, em que terão o acesso livre e gratuito para adquiri e produzir conhecimentos através de suas curiosidades.


Objetivos

Conceitual


Conhecer o Tabuleiro Digital no Espaço UFBA/IRECÊ


Procedimentais

Interagi com a máquina livremente (mouse,teclado, tela, sites)

Despertar o interesse para a produção e criação através do computador.

(Vendo jogos, brinquedos, links)


Atitudinais


Compartilhar idéias e saberes prévios. (futucando, descobrindo)

Expressar oralmente seus desejos e curiosidades ( solicitando ajuda, perguntando manuseando, socializando)


Metodologia


Levantamento de idéias com as seguintes provocações

-O que já entende de computador?

- E de internet?

-Já manusearam um computador? Onde? O que viram?

- Se tivessem a oportunidade de ficar frente a um computador, o que gostariam de fazer? Como? Porque?

-Vocês gostariam de ter acesso livre e gratuito a internete? Porque?

-Já ouviram falar em tabuleiro?

-E em tabuleiro digital?

-Tem idéia do que seja? Querem conhecer?

-Como podemos nos organizar para conhecermos o TD e navegar na Internet?

-Vamos pensar desde a saída, já que é distante da nossa escola até a visita ao local e o uso da maquina.

- As crianças dos grupos 07 e 08 foram convidadas para se dirigirem ao pátio da escola para falarem livremente suas idéias em relação ao mundo digital, bem como sugerirem possibilidades da ida ao TD. Após os grupos se posicionarem, listarem as sugestões e idéias para logo em seguida ser votada a mais viável.

- Convites aos pais e direção da escola (oralmente)

- Discussão sobre as possibilidades da ida

- Manuseio da máquina


Recursos


-Computadores

-Máquina fotográfica

Avaliação:

Depoimentos

Relatos

Painel


Referências


BONILLA, Maria Helena S. Escola aprendente: desafios e possibilidades postos no contexto da sociedade. 2002. Tese, Faculdade de Educação. Universidade Federal da Bahia, Salvador- Bahia, (p.188-193)



Escola Municipal São Pedro

Profª: Vera Lúcia Vasconcelos pereira

Tema: visita ao tabuleiro digital

Assunto: Relato das aulas

Grupo: 07 - Turno- vespertino

8- Livia noTabuleiro Digital - Irecê - 18/05/2005

Essa é uma criança de sete anos de idade vinda de Brasília e posteriormente da escola Marcionílio Rosa aqui em Irecê. A mãe abandonou. Ficou aos cuidados do pai que aparenta ter problemas mentais. O pai volta para Brasília levando o irmãozinho e deixa -a com a senhora com quem convivia. Nunca tinha ido numa escola antes. Está na fase de escrita em forma de grafismo. É apática.Tem dificuldade de se expressar. As atitudes assemelham a uma criança de dois anos de idade. Tenho que pensar como desenvolver atividades com ela e mais três coleguinhas no mesmo nível. Monto um cantinho na sala com jogos de ache e encaixe, alfabeto móvel, revistas, tesoura e cola pra acompanhá-la. A turma è heterogênea nas hipóteses de escrita e leitura. Preciso acompanhar a todos. È difícil. Essa criança precisa de mim enquanto permanecer na escola.

Estou fazendo esse relato porque na visita ao tabuleiro digital ela se prende a algo que ver na tela do micro. Quer ver a boneca Barbye e Xuxa. A pró Vanuzza coopera comigo acompanhando - a. Chega o momento dos relatos da turma. Ela escreve do jeito dela. Peço que leia. Elogio:

-Como você escreveu bastante, deve ter visto muita coisa na tela do computador, quer ler pra mim?

Ela olha toda acanhada se encolhendo na carteira, não tão apática como antes, e diz:


9 – Relato de Lívia 20/05/2006

- Eu vi a Xuxa e a boneca barbye.

-Como você fez para ver?

-Aquela mulher lá.

- Quem?

-Aquela pó (pro)

- Pró vanuzza?

-É.

-E o que ela fez?

-Ajudou eu.

-Como?

- Mexendo?

-Onde?

-No computador.

-Como?

-Com aquela coisa lá.

-Que coisa?

-Sei nâo, pó.(pro)

- O mouse?

-É você aprendeu? fez sozinha?

-É.

-Então ler seu relato. Não interferi na leitura.

Até então, Lívia não falava, só rasgava papel e riscava tudo que encontrava na sua frente.Nao abria a boca, e ler assim:

-Eu vi a Xuxa no computador bolindo no mouse....xou ver....e vi um montâo de coisas ...xou ver....a barbye , as roupinha dela...xou ver

Eu gosti muito de là ....nois vai là, po?

Conclusão

Essa criança do jeito dela relata.

Constatei que o computador foi um meio dela se expressar, foi um incentivo. Houve um caminho para aprendizagem de leiturae escrita das crianças. O que me fez refletir o artigo “Uma Sala de Aula no Ciberespaço: reflexão e sugestão a partir de uma experiência pelainternet”, quando diz “A crise do sistema educacional não pode ser solucionada apenas pela inclusão das novas tecnologias da informação, mas por uma recondução do processo de ensino / apremdizagem virtualização / atualização” (LEMOS & CARDOS &PALÁCIOS,)

Relato coletivo das crianças - visita ao TD (Tabuleiro Digital)

TIVEMOS A OPORTUNIDADE DE CONHECER OTABULEIRO DIGITAL, GOSTARIA DE SABER DE VOCÊS:

*COMO PENSAMOS A IDA?

*O QUE ESPERÀVAMOS ENCONTRAR?

*DEU CERTO O QUE COMBINAMOS? PORQUE?

*O QUE VIRAM? O QUE FIZERAM?

* GOSTARAM?

*QUEREM IR NOVAMENTE? JUSTIFIQUE:

FALA DAS CRIANÇAS:

ANTES FIZEMOS UM CÍRCULO NO PÁTIO DA ESCOLAPARA CONVERSAR SOBRE COMPUTADOR E INTERNT A PRÓ FEZ UM MONTE DE PERGUNTAS SOBRE O QUE ERA TABULEIRO, E TABULEIRO DIGITALE. NINGUÉM SABIA.

A VONTADE ERA DE PERGUNTAR E QUERER SABER. QUERER MEXER NO COMPUTADOR. COMBINAMOS PEDIR O ÔNIBUS A PREFEITURA, NÃO DEU NADA CERTO E A GENTE FOI A PÉ COM AS PROFESSORAS GIZELIA , VERA LÙCIA, A DIRETORA MARIA DE FÁTIMA, GILZEUDA, A PRO VANUZZA , O INSPETOR ELIAS E A MÃE DE JERFFESON. A GENTE PENSAVA UM MONTE DE COMPUTADORES DENTRO DE UMA CASA EM CIMA DAS MESAS. E ERA ASSIM MESMO, SÓ UM TANTINHO DIFERENTE. QUANDO A GENTE CHEGOU LÁ MEXEMOS NOS COMPUTADORES E VIMOS: JOGO DE BOLA, DE MONTAR. VESTIMOS A BONECA BARBIE, BRINCAMOS NO JOGO DE SONIC, VESTIMOS A XUXINHA, BRINCAMOS COM JOGO DE CORRIDA DE CARRO NO VÍDEO GAME. TAMBÉM O RA PAZ E A MOÇA AJUDOU A MEXER.

A GENTE GOSTOU DE MEXER E NAVEGAR NA INTERN. RAILAN BOLIU E VIU A MULHER PELADA E FICOU SEM SABER TIRAR. E A PRO ENSINOU ELE.

A GENTE QUER VOLTAR NO TABUELEIRO PRA LER, BRINCAR E DESENHAR, JOGAR.

CRIANÇAS DE SETE ANOS – 1ª SÉRIE - 2006

Relato - profª Vanuzza – voluntária:

Mesmo não fazendo parte da Ufba, estou muito contente com o empenho e preocupação junto aos professores cursistas em está incluindo nossos alunos no mundo digitalizado.

Acompanhei a turma das prós Vera e Gizélia na visita ao Tbuleiro Digital, em que pude perceber que todos os alunos ficaram maravilhados com os computadores e as novidades que a tecnologia pode nos prorpocionar.

Foi muito legal a interação das crianças com as máquinas. Espero que este trabalho tenha continuidade.

Dentre os alunos presentes, uma me chamou atenção, pois a mesma aparentava ter problemas, pois constatei o distanciamento dos coleguinhas e não abria a boca pra falar nada, lá quietinha isolada de todos. Sentei perto a pedido da professora e ela começou a se interessar. Já começou pegar no mouse. Como sentir que tinha dificuldade comecei a guiar sua mãozinha, daí a poucos instantes ela começou a mover o mouse e perguntar como via as coisas. Fiquei ali o tempo todo com ela e constatei que através da curiosidade de ver, mexer, ela não tirava os olhinhos da máquina e queria saber onde via a casinha da Barbye. Fui lhe orientando a medida do interesse dela. Com essa observação acredito que as escolas públicas deveriam ter mais interesse e responsabilidade com seus deveres para com progresso da educação, principalmente a inclusão digital nas escolas.

Professora voluntária voluntária

7 – Vanuzza e Lívia - TD 18/05/2006

Recadinhos das crianças

EU GOSTEI DAQUI E QUERO JOGAR “ EU SOU JEFFERSON”

8 – Jeferson - TD - 18-05-2006

8 - Rafaela Barros - TD - Irecê – 18/05/2006

ESSE DIA FOI MARAVILOZO POQE EU MEXI NO JOGO DA XUXINA

RAFAELA – 7 anos

9- lariza – 7 anos - 15/06/2006


OI GENTE

ESTOU NA CASA DA PRO VERA VENDO O NOSSO BLOG http://brilhodoamor.zip.net

Lariza – 7 anos



Segunda etapa - inclusão digital


Escola: Municipal São Pedro

Profªs: Vera Lúcia Vasconcelos, e Gizelia

Gupos: 07 - 08

Projeto: Quem Sou, De Onde Estou

Matérias: História e Geografia

Ementa: Álbum de Memória (blog)

Período do uso do TD: quinzenal, a partir da 1ª aula (a combinar)

Objetivo:

Levar as crianças ao Tabuleiro Digital para abrir e-mail e manter um ambiente de comunicação virtual entre colegas, a professora, família e escola.

  • Criar o blog (álbum eletrônico) para a publicação e socialização de suas historias de vida familiar e escolar.

.Justificativa:

Ao refletir sobre o tema - diário entre professores “Os diários da prática pedagógica são indicados por alguns autores como instrumento de registro e análise da prática, ou ainda como instrumento de pesquisa, apontando sempre sua potencialidade como instrumento à reflexão docente" (HALMANN, Adriane) e sobre o que diz Bonilla “Afinal, o questionamento e a re-construção de concepções não são fenômenos simples, nem acontecem num curto espaço de tempo" (BONILLA, 2005), tive a idéia de sugerir as crianças de 1ª série à criação do blog individual em que todos irão produzir nesse espaço virtual (o blog) sua história de vida escolar e familiar no intuito de poder compartilhar experiências vividas na família e comunidade.

Objetivos específicos:

Levantar conhecimentos adquiridos sobre blog eletrônico. (álbum de memórias)

  • Fazer anotações prévias sobre identificação pessoal (nome, sobrenome, rua, bairro, cidade, CEP)
  • Organizar as idéias e sugestões sobre a ida ao Tabuleiro Digital.
  • Fazer pesquisa dos sites (blog e diversão)
  • Identificar o lugar da pesquisa na tela
  • Fazer leitura na tela e seguir as orientações para se criar o blog
  • Criar o titulo do blog
  • Produzir a identificação pessoal
  • Incrementar o blog, conforme a escolha padrão.
  • Comentar o blog dos coleguinhas
  • Publicar as histórias de memória
  • Conhecer as ferramentas de incrementarão (fotos, link, etc.).
  • Divulgar o blog para outras comunidades virtuais com pensamento de manter intercâmbios de troca de conhecimentos através da comunicação através de e-mail e blog.

Conteúdos:

  • Eu e minha família
  • Eu e minha Escola
  • Eu e minha Comunidade
  • Eu e meu País
  • Eu no mundo

Metodologia:

  • Criar um espaço de conversa orientada, onde as crianças terão a oportunidade de expor suas idéias e sugestões sobre a ida ao (TD) para a criação e produção do blog (álbum de memórias)
  • Vamos pensar juntos, uma maneira de retornarmos ao (TD) e dá continuidade a um trabalho que já havíamos começado e parou por um período de tempo.
  • Que vocês acham de criarmos o nosso blog individual, como se fosse o álbum de memória, já que estamos produzindo no caderno ornamentado em forma de álbum, as nossas historias de vida?

Como podemos pensar agora, já que podemos criar esse espaço?

  • O que precisamos saber?
  • Como fazer para ficarmos sabendo?
  • Que Importância terá para nós, a criação e divulgação do e-mail e do nosso blog em forma de álbum de memórias?
  • Como fazer para que outras pessoas vejam o nosso trabalho?
  • Alem do blog, que outras atividades podemos pensar?


Recursos:


  • Caderno de desenho
  • Agenda
  • Computador (tela, teclado, microfone, cx. de som).

Avaliação:

  • Durante as atividades práticas no (TD), observar a participação, empenho, desempenho individual e coletivo nas produções e criações via máquina (o virtual

Planejamento do dia:



Visita ao TD - Dia 19/10/2006

Período 1.30 h


Objetivo:


  • Criar o e-mail



Objetivos específicos:

Conhecer a finalidade da barra de endereço na tela

Digitar o site www.yahoo.com.br

Criar o nome fantasia e senha

Conhecer e seguir o caminho pra se criar e-mail, seguindo a leitura do link na tela.

Preencher o formulário com as identificações pessoais

Confirmar o e-mail

Fazer uso do e-mail para se comunicarem e manter comunicação com outras pessoas.

Criar um ambiente colaborativo de troca de idéias e conhecimentos e de produção criativa.

Usar o espaço de tempo após o seu termino para navegar na internet. (jogos, música, etc.)

Plano de aula- produção de texto - carta

Escola: Municipal São Pedro

Grupo 07

Profª-Vera

Data: 20/11/2006

Plano de aula20/11/06

Objetivo:

Produzir uma carta coletiva pedindo as empresas: Eaixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco Bradesco, Câmera dos Vereadores, computadores para nossa escola.

Metodologia

Elaborar o plano de ação:

  • O que vamos fazer?
  • Para quem?
  • Para que?
  • Como?
  • O que precisamos saber?

Avaliação

Através da leitura do rascunho coletivo observar e acrescentar o que faltou.

Carta coletiva as empresas de Irecê pelos alunos e alunas de 07 anos de idade

IRECÊ, 20 DE NOVEMBRO DE 2006.

SENHOR GERENTE

BANCO DO BRASIL

IRECE-BAHIA



NÓS ALUNOS DA ESCOLA MUNICIPAL SÃO PEDRO DO GRUPO SETE, ESTAMOS AQUI PARA FALAR DO NOSSO PROJETO “QUEM SOU DE ONDE ESTOU”. COM ESSE PROJETO NÓS ESTAMOS APRENDENDO A LER, ESCREVER E A CONTAR AS HISTÓRIAS DOS NOSSOS PAIS, NOSSOS AVÓS. ESTAMOS CONHECENDO OS BAIRROS, AS RUAS, O NÚMERO DAS CASAS, O CEP DA CIDADE.

TEMOS NOSSO ÁLBUM DE MEMÓRIAS ONDE TEM FOTOS DAS NOSSAS MÃES E NOSSAS TAMBÉM. TEM NOSSAS HISTORIAS COM NOME, DATA DE NASCIMENTO, O LUGAR ONDE NASCEMOS OS NOMES DOS NOSSOS PAIS, E A HISTORIA DO DIA EM QUE NASCEMOS.

AGORA A GENTE VAI COMEÇAR A CONHECER A HISTÓRIA DA NOSSA ESCOLA. A GENTE ESTÁ COM A IDÉIA DE CRIAR O BLOG NOS CONPUTADORES DO TABULEIRO DIGITAL. PARA MOSTRAR NOSSAS HOSTÓRIAS. JÁ ABRIMOS O E - MAIL.

PARA IR LÁ É MUITO LONGE E TEMOS QUE ESPERAR AS OUTRAS ESCOLAS.

A NOSSA ESCOLA ESTÁ PRECISANDO DE UNS QUATRO COMPUTADORES PARA COLOCAR NAS OUTRAS SALAS OU NA BIBLIOTECA, SÓ TEM UM VELHINHO QUE A GENTE NEM USA.

SE O SENHOR PUDER AJUDAR A GENTE, DOANDO UNS COMPUTADORES, VAMOS FICAR MUITO ALEGRES E FELIZES.

È NOSSO SONHO NAVEGAR NA INTERNET, JOGAR, BRINCAR E APRENDER MAIS. A GENTA QUERIA TÁ NO TABULEIRO TODOS OS DIAS PARA BRINCAR NO CONPUTADOR


ABRAÇOS


ALUNOS DO GRUPO 07- 1ª SÉRIE

MARCOS

VICTOR

MARIANA

TAINÁ

THAIANE

LARIZA

MIRELE

RAFAELA BARROS

RAFAELA SILVA

RAUL

RUAN

RAIAN

RAYLAN

CAIQUE

AMANDA

SALVIANO

JEFFERSON

ERICA

TALISSON

VANESSA

VINICIUS

PAULA

FRANCIEUDO

EZEQUIEL

RAFAEL

PROFª VERA LUCIA VASCONCELOS


Relato


Juntei-me as professora a Gizelia e fizemos o projeto, Álbum de Memórias Eletrônico, em que as crianças têm que abrir o e-mail individual e posteriormente o blog onde será o álbum de vida escolar e familiar. O primeiro passo que tomei junto às crianças, foi de conversarmos sobre o assunto e pensarmos o plano de ação (o que sabe o que fazer como fazer e para que).

Dia 19 de outubro às 16h. fui com o grupinho de alunos e alunas de sete anos de idade ao TD para abrir o e-mail individual. Tivemos ajuda do professor Aroldo, Giselda, a coordenadora, e o inspetor Elias, como também dos rapazes do Tabuleiro Digital. Confesso não foi fácil orientar 28 crianças a abrirem e-mail, e principalmente num espaço de tempo marcado. Dos 28 alunos somente um não conseguiu devido à fase de aprendizagem. Ainda se encontra no reconhecimento de letras. Esse ainda se encontra no reconhecimento de letras. Vou acompanhar num tempo maior na escola no momento das aulas de apoio.

Como não poderia deixar de ser, elaborei um roteiro oral para melhor produção do relato coletivo dos alunos:

Relato coletivo - Crianças

A pro convidou nós para sentar no pátio da escola, para conversar sobre a ida ao Tabuleiro Digital. A pro perguntou o que a gente já sabia sobre computador. A gente já sabe que têm tela, mouse, teclado, microfone, telefone internet pra ver as coisas, tem jogos, rádio, passa CD.

A gente combinou ir ao Tabuleiro Digital abrir o e-mail que é o endereço eletrônico. Para abri o e-mail, nós pesquisamos o nosso endereço e a data do nosso nascimento. Para saber o e-mail da gente, criamos o nome fantasia e a senha, a pró disse tudo direitinho pra nós. O site que foi assim: http.www.yahoo.com.br A gente levou tudo anotadinho na folha para não esquecer.

Nós fomos no ônibus da prefeitura que a diretora Fátima pediu porque o sol tava muito quente.

Entramos no Tabuleiro, sentamos nos banquinhos, escrevemos o nome do site para abrir o e-mail com ajuda dos professores Aroldo e Vera, Giselda e dos rapazes de lá. Foi muito bom porque abrimos o e-mail, uns colegas jogaram um pouco porque terminou mais ligeiro, uns passaram e-mail para minha pro Vera.Também pra tias, colegas..

Da outra vez vamos criar o nosso blog.

Grupo 07- pro -Vera



9 - alunos no micro - micro-ônibus da prefeitura -19/10/2006

10 – aluna e instrutir no TD – 19/10/2006



ANEXO 8 Relato Reflexivo - inclusão digital

Foi comprovado o interesse da turminha pela informática, a preocupação que estão tendo nas revisões das produções escritas quando são para publicar no blog, Isso me lembrou a leitura e reflexão

Muitos professores percebem mudanças na sua forma de trabalho, do início da profissão até hoje. Dizem que suas concepções de educação foram se transformando, os interesses dos alunos também e, em virtude disso, começaram a questionar sua forma de trabalho e a mudar.(BONILLA, 2005,p. _)

Isso eu pude confirmar, por experiências desenvolvidas com um grupo de crianças de sete anos de idade, quando na organização para a ida ao Tabuleiro Digital, elas não mediam dificuldade pra falar, opinar, procurar meios de ir. Queriam está lá, mexer nas máquinas, perguntar querer saber, chegou a ponto de alguns dizerem – pró, meu maior sonho é navegar na Internet. Quando não foi possível o transporte, a turminha queria ir a pé mesmo, foi aí que a professora Gizélia, que trabalhou junto comigo, intitulou o plano de aula “Pé na Estrada”, porque fomos a pé mesmo.

Lá não foi diferente da fala antes, a criançada parecia estar num mundo de conto de fadas, os olhinhos brilhavam, a timidez sumiu, as curiosidades afloraram, as crianças apáticas falaram, mexeram, futucaram. Isso lembrou o que citou Nelson Preto numa entrevista ao Jornal do Brasil - uma criança de oito anos que descobriu um jogo em inglês. Cá não foi diferente. Nesse início de ingresso no mundo digital, está desabrochando interesse nos trabalhos envolvendo conteúdos didáticos, porque quando é pra publicar no blog, eles se preocupam em querer saber como escrevem, ajudam os colegas em dificuldade, principalmente o grupo que sorteio pra levar pra minha casa nos finais de semana, pois infelizmente o tabuleiro digital não está dando conta de atender a todas as escolas e comunidade. E os governantes não se deram conta da necessidade da inclusão digital das crianças das escolas públicas. Se tivéssemos em nossas vidas mais pessoas como o Professor e doutor Nelson Preto, tenho certeza, que as escolas públicas teriam uma cara sem tantas máscaras. E me lembra bem disso, quando recordo a sua fala no JB, segundo ele, “não queremos a Internet nas escolas e sim, as escolas na Internet” (PRETTO, 1999)

O mais dolorido, é que as escolas públicas, que tanto dinheiro é mal empregado, pelos gestores, não tem nem Internet nas escolas, e muito menos as escolas na Internet. Digo isso porque com o tabuleiro digital em Irecê, idéia gerada e parida por ele, o que se ver, é um paradigma, ao invés de ser ampliada a idéia nas escolas, nas secretarias, nas associações de bairro, o que se ver é uma acomodação. A exemplo disso, cito a dificuldade imposta para se conseguir o transporte da ida pela primeira vez para levar as criancças ao tabuleiro, àquelas que de fato moram longe. Cargos mais elevados chegam a dizer que criar e-mail com as crianças é fazer sonhar, porque eles não vão ter onde usar o computador, mas copiam idéias para outras fontes, não tão necessárias no momento. E requer o suor e sacrifício de todos que ali trabalham para realizar as idéias , que seria mais útil e muito mais significativo a compra de computadores, já que está sendo comprovado que as crianças procuram esse meio de informação, produção e criação com prazer e vontade. Só precisa ler os relatos das crianças, ver as fotos e ouvi-las.

Comprovo na prática a veracidade da importância da inclusão digital nas escolas públicas, em relação ao interesse e a vontade de descobertas por partes das crianças, e acredito como Nelson Pretto que através de projetos sérios, é possível levar às escolas, esse meio de comunicação tão globalizado, o micro-computador.



Comprovo na prática a veracidade da importância da inclusão digital nas escolas públicas, em relação ao interesse e a vontade de descobertas por partes das crianças, e acredito como Nelson Pretto que através de projetos sérios, é possível levar às escolas, esse meio de comunicação tão globalizado, o micro-computador.

Essa criança da esquerda da foto, o nível de escrita e leitura é silábico alfabético, quer dizer, associa alguns sons a escrita, mas a vontade de descobrir na tela onde buscar os jogos, que links seguir pra chegar lá, e de escrever, era tamanha, que a todo o momento ela queria descobrir como escrevia tal palavra, que letra, a curiosidade de procurar no teclado onde estava as letras. Valeu apena ter levado esse grupinho ao tabuleiro e estar levando aos pouquinhos para minha casa num domingo, nem todos os domingos. Isso porque moro no meio deles.

Se o leitor prestar atenção no segundo depoimento dessa criança, compreenderá que ao invés de justificativas de não abrir e-mail porque faz a criança sonhar e não ter o computador pra ir, verá que a ela, bastou o incentivo, pra correr atrás.

Fala e escrita da criança:

12 – Raul -TD -19/10/2006



EU FUI NO TABULERO , EU SOU ESSE AI DA FETE DA TELA MAIS MUS CLEGAs, ESSE DIA FOI BOM DEMAISE. EU NAVEGEI NA INTENETE, EU MEXI, MEXI E JOGEI , BIQEI DE QEBA CABEÇA” (RAUL-7 ANOS)


OUTO DIA TAVA NO POSTIM DE SAUDE E EU FUI PRO TABULRO MAIS MEU PRIMO LÉU EU E ELE JOGAMOS DE SONIC E JOGEI DE BOBY ISPOJA. GSTEI MUITO, MUITO.

FUI TAMBEI MAIS MU PAI LÁ. (RAUL, 7 ANOS.)

DESSA VEIS QUE FUI NO TABELERO DIGITAU NÃO GOSTEI MUITO NAU PORQUE NÃO DEU TEPO EU JOGAR. EU SO ABRI MEU E-MAIL- RAULGIL@YAHOO.COM.BR

ANEXO 9 Poema

Roseli, A Rosa

Nome em forma francesa, a rosa!

Entrega-se a ao amor

Não tem ambiçoes em exageros

O bastante pra viver.

A promessa é cumprida

Fidelidade exigida

Nos jardins sem flores aparece

A rosa!

Entre nós resplandesce o saber

Na fala, na luta e labuta.

Confia, doa e se doa.

Rega o solo, semeia,

Quer colher frutos,

Maduros de mentes saudáveis

Não é facil, as faces

e interfaces

Segue em frente, confia.

Compartilha, instiga

Investiga, povoa vozes caladas,

Tímidas, dos saberes não sábios,

A ela só não basta, e abasta,

Traz gente ausente, diferente

Propaga, diverge, infere

Deixa à escolha da gente

Analítica, reflexiva

Não copista

À sua prática educativa, instrutiva.

No sorriso contagiante

não retrinca, brinca

Mostra caminhos de luzes

Sem trevas da ingonorãncia posta

Oposta de uma sociedade calada,

Muda aos conhecimentos

Confiantes, abundantes

Indigestos, modestos, infestos

No solo fértil da educação

Só contra mão, paradgmas

Da massa sustentável, professores!

Sustenta a nobreza, esnobes farpados

Nos projetos projetáveis

Cumpridos na raça e pirrassa

A todo custo desarmados

calados, cansados

Que na sua voz reanima, sorri e brinca

Com Roseli, a rosa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Vera Vasconcelos